Artigo - O urgente combate à desigualdade

É fundamental apoiar o pacto nacional que visa contribuir para superar abismo econômico entre ricos e pobres, além das disparidades nas condições de vida e trabalho devido a questões raciais e de gênero. Preocupação está no foco do “Cresce Brasil” lançado em 2023.

A edição deste ano do projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento”, intitulada “Hora de avançar – Propostas para uma nação soberana, próspera e com justiça social”, destaca a necessidade de se combater a desigualdade no País. Sustentam as preocupações presentes no documento diversos indicadores que formam o cenário estarrecedor dos últimos anos, notadamente o crescimento da pobreza, da miséria e da fome.

Depois de atingir o recorde de 14,9% em 2020, o desemprego felizmente encontra-se em queda, tendo ficado em 7,9% no trimestre encerrado em julho último, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua). Mesmo assim, ainda há 8,5 milhões de pessoas desocupadas, que ultrapassam os 20 milhões se levada em conta a subutilização da mão de obra.

Crescente, mas também ainda muito aquém do necessário, está o rendimento médio habitual do trabalhador, de R$ 2.935,00. O valor está longe de contemplar ao menos o salário mínimo necessário, calculado em R$ 6.389,72 pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

A persistência desse quadro nos traz a uma realidade em que os 10% mais ricos obtinham, em 2022, um rendimento médio mensal per capita 14,4 vezes maior do que os 40% mais pobres, conforme estudo do Observatório das Metrópoles.

Mudar tal cenário, meta indicada como urgente no “Cresce Brasil”, deve ser prioridade de todos, incluindo governantes, parlamentares, empresas e sociedade civil. Por isso mesmo, é muito bem-vindo o “Pacto nacional pelo combate às desigualdades”, que pretende articular o monitoramento da situação vivida pela população no País e ações que possam trazer transformações efetivas, incluindo uma frente parlamentar.

A iniciativa conta com a importante adesão do movimento sindical que, por meio das oito centrais, propôs unitariamente excelentes medidas visando a construção de uma sociedade mais igualitária, a começar por uma Política Nacional de Valorização do Salário Mínimo. As sugestões incluem ainda “trabalho igual, salário igual”, eliminando a discriminação por gênero, raça ou deficiência, além do fortalecimento da participação social e da negociação coletiva.

Como enfatiza o “Cresce Brasil”, é fundamental fazer com que o exercício da cidadania seja uma realidade para o conjunto da população. É urgente desenhar e colocar em prática um projeto de país que cumpra as premissas previstas na Constituição Cidadã de 1988, com suas garantias fundamentais e direitos sociais.

Lutemos juntos pela construção dessa nação que ofereça vida digna a todos, e não apenas a alguns privilegiados.


Murilo Pinheiro
Presidente da Federação Nacional dos Engenheiros (FNE)  

 

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