Artigo - É hora de reiterar e renovar a luta pelo socialismo

Vivemos um momento histórico carregado de sérios riscos e desafios para a classe trabalhadora e as forças democráticas e progressistas em todo o mundo.

Estamos diante de uma crise geral do capitalismo.

Uma crise que é ao mesmo tempo econômica e geopolítica. Este último aspecto transparece na decomposição da ordem imperialista mundial liderada pelos EUA, instituída após a 2º Guerra Mundial, o que origina um processo de transição geopolítica conturbado e imprevisível.

Hoje é notória a decadência dos EUA e das potências capitalistas que compõem o G7. Em contraste observa-se a ascensão da China e do Brics.

Presenciamos a explosão das contradições características da economia política burguesa e consequentemente o acirramento das lutas de classes, dos choques entre capital e trabalho e especialmente das tensões e conflitos internacionais, que podem conduzir o mundo a uma 3º Guerra Mundial, desembocando numa catástrofe nuclear.

O quadro, já por si tenebroso, é agravado pela crise ambiental e climática, que também escalou uma altitude temerária.

Em resposta à crise, as classes dominantes, sob a hegemonia da oligarquia financeira internacional, empreendem uma feroz ofensiva contra a classe trabalhadora e o movimento sindical. Impõem, em quase todo o mundo, uma agenda de destruição e flexibilização de direitos trabalhistas, precarização do mercado de trabalho e redução da participação dos salários nos PIBs.

Apropriado e manipulado pelos capitalistas, o avanço da produtividade do trabalho exacerba o drama do desemprego, ao invés de resultar em redução da jornada de trabalho. Contribui também para a precarização das relações de produção e intensificação da exploração da força de trabalho, como se verifica nas plataformas.

A escravidão contemporânea ganha força e, em nosso país, avançou no leito das mudanças da legislação trabalhista aprovadas após o golpe de 2016, que em sua essência, e também na análise classista dos embates políticos, foi um golpe do capital contra o trabalho.
A OIT prevê a incorporação de mais dois milhões de trabalhadores e trabalhadoras ao exército mundial de desempregados ao longo deste ano.

Até 300 milhões de empregos em tempo integral podem ser automatizados de alguma forma pela mais nova onda de inteligência artificial que gerou plataformas como o ChatGPT, segundo estimativas de economistas do Goldman Sachs.

Prossegue também a crise dos refugiados. Mais de 3.700 pessoas morreram tentando desesperadamente chegar numa hostil e a cada dia mais xenófoba Europa durante o ano passado, principalmente em naufrágios no Mar Mediterrâneo.

Os pedidos de asilo para a União Europeia (UE) aumentaram 18%, chegando a 1,14 milhão em 2023, o maior nível desde a crise migratória entre 2015 e 2016.

Reflexo do movimento de concentração e centralização do capital, cresce de forma escandalosa a concentração da renda.
Dois terços de todas as novas riquezas geradas no mundo, nos últimos dois anos, foram acumulados por 1% da população. O dado consta no mais novo relatório da Oxfam.

A fortuna dos cinco homens mais ricos do planeta mais que dobrou desde 2020 – saltando de US$ 405 bilhões para US$ 869 bilhões –, ao mesmo tempo em que as quase cinco bilhões de pessoas mais pobres ficaram ainda mais pobres.

O acirramento das tensões e conflitos internacionais vem acompanhado de uma perigosa corrida armamentista. Os gastos militares globais em 2023 foram 9% maiores do que em 2022, totalizando US$ 2,2 trilhões, batendo um novo recorde em uma tendência já ascendente, de acordo com dados divulgados pelo Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.

Alimentada pela guerra, a indústria da morte é quem mais lucra e prospera neste cenário belicoso.

Isto traduz uma inversão de prioridades que evidencia a falência da ordem mundial imperialista hegemonizada pelos EUA.

Conforme ponderou o presidente Lula, o dinheiro gasto com guerras poderia acabar com a fome no mundo.

“Não é possível que em um planeta que produz comida suficiente para alimentar toda a população mundial, cerca de 735 milhões de seres humanos não tenham o que comer”, denunciou o presidente brasileiro, que também condenou com firmeza e coragem o “genocídio na Faixa de Gaza”, que, conforme notou, afeta “toda a humanidade porque questiona o nosso próprio senso de humanidade e confirma uma vez mais a opção preferencial pelos gastos militares, em vez de investimentos no combate à fome na Palestina, na África, na América do Sul ou no Caribe”.

Neste ambiente de crise geopolítica e crescente degradação econômica e social germina e floresce o neofascismo.
Traduzindo os interesses da oligarquia financeira, a extrema direita avança no mundo, e principalmente nos continentes europeu (difundindo ódio e preconceito contra imigrantes) e americano. Bolsonaro, no Brasil, e Milei, na Argentina, são duas expressões patéticas deste fenômeno.

Organizados internacionalmente, os neofascistas se apresentam enganosamente como uma força antissistema para ganhar mentes e corações, quando na realidade têm o objetivo de aprofundar e radicalizar a exploração capitalista e impor aos povos um regime sanguinário, intolerante e xenófobo. A América Latina vive num contexto de cerco e espionagem imperialista, polarização social e instabilidade política.

O sindicalismo classista deve se contrapor à tendência ao obscurantismo e à barbárie intensificando o internacionalismo proletário e procurando globalizar as lutas da classe trabalhadora.

É nosso dever condenar com energia e lutar contra o genocídio em curso na Faixa de Gaza, apontando a cumplicidade dos EUA nos crimes praticados pelo regime sionista de Israel, defender o fim do conflito entre Rússia e a Ucrânia, que trava uma guerra por procuração dos EUA e da OTAN, exigir o fim do criminoso bloqueio conta Cuba, assim como uma nova ordem mundial fundada no respeito do direito à autodeterminação das nações, solução negociada dos conflitos internacionais, desenvolvimento soberano das nações e combate à fome e miséria no mundo.

Os impasses atuais são produto do imperialismo, que deve ser destruído e superado.

Neste caminho é indispensável realizar um incansável e persistente esforço de esclarecimento e elevação do nível de consciência político da classe trabalhadora, denunciar e lutar com toda a energia contra a direita neofascista, estimular a revolta contra a exploração e a opressão capitalista.

Mais do que em qualquer outra época histórica a humanidade se defronta hoje com o dilema entre barbárie e socialismo.
O capitalismo já não tem nada de positivo a oferecer à humanidade e caminha celeremente em direção à barbárie neofacista.

É hora de reiterar e renovar a luta pelo socialismo, que é ideal maior da classe trabalhadora e a única saída progressista para a crise com que nos defrontamos.

 


Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB

 

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