Notícia - Centrais sindicais vão às ruas para pedir mudanças

Pegas de surpresa pela aprovação do projeto de terceirização irrestrita, que aponta para um futuro com menos vínculos regulares de trabalho e menos contribuições obrigatórias dos assalariados, as entidades sindicais dos trabalhadores investem em uma grande mobilização no dia 28 para tentar provocar um recuo do governo e do Congresso Nacional sobre a Reforma da Previdência. A reação varia da pressão por mudanças nos pontos mais sensíveis ao veto total da proposta. A estratégia de aposta na força das ruas busca ainda fortalecer a musculatura do movimento sindical para o próximo embate: a reforma trabalhista.

"O parlamento, ainda mais com as revelações sobre o nível de financiamento das campanhas eleitorais, está descredenciado para qualquer tipo de reforma", diz Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT). "Não é demonstração de força, mas de indignação por mudanças importantes em uma reforma inoportuna", afirma Ricardo Patah, presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT). "O atropelo da terceirização e a rapidez com que se tenta a Reforma Trabalhista jogam lenha na fogueira sobre a Reforma da Previdência", diz João Carlos Gonçalves, secretário-geral da Força Sindical.

O capital de pressão das centrais sindicais para conduzir a reação dos trabalhadores é grande. A CUT, líder do ranking de 2016 do Ministério do Trabalho e Emprego sobre a representatividade das centrais sindicais, reúne 2.319 sindicatos e 3,9 milhões de filiados. A UGT, segunda maior do país, conta com 1.277 sindicatos e 1,4 milhão de trabalhadores. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) é a terceira e reúne 1,287 milhão de trabalhadores vinculados a 744 sindicatos. A Força Sindical, quarta central no ranking, representa 1.615 sindicatos e 1,279 milhão de trabalhadores. A quinta é a Nova Central Sindical dos Trabalhadores (NCST), com 954 mil filiados e 1.136 sindicatos.

O trunfo das centrais sindicais está nas eleições do ano que vem. Todas tentam influenciar os parlamentares que vão precisar de voto em 2018 com pressões dos sindicatos vinculados às bases eleitorais dos candidatos. A proposta original da reforma da Previdência está na fase de emendas na Câmara dos Deputados, mas as mudanças ainda não chegaram aos três pontos inegociáveis para algumas entidades: a idade mínima de 65 anos, a paridade entre homens e mulheres e regras de transição para quem já está na iminência de se aposentar. Há preocupação também que o nível das propostas contamine a reforma trabalhista com medidas que provoquem a desestruturação dos sindicatos.

O movimento sindical joga uma cartada decisiva sem uma estratégia comum. A CUT é contra qualquer discussão da Reforma da Previdência. "O governo e o Congresso não têm legitimidade para tirar direitos dos trabalhadores", diz Vagner Freitas. "Não estamos abertos nem à possibilidade de alterar a reforma da Previdência. Somos contra", afirma Wagner Santana, secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, entidade vinculada hoje à CUT.

A Força defende a negociação. "Buscamos o diálogo com os parlamentares para que as mudanças sejam aceitáveis", diz Gonçalves.


Fonte:  Força Sindical - 19/04/2017


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