Notícia - Na UGT, 1º de Maio é motivo de reflexão

A UGT (União Geral dos Trabalhadores) celebra esta semana o 1º de Maio – Dia dos Trabalhadores, promovendo reflexões acerca do real significado dessa data e do que precisa ser feito para que ela possa, de fato, ser comemorada.

 

Também estão em pauta os dez anos completados pela Central este ano. “Começamos com 300 entidades filiadas e hoje, dez anos depois, a UGT reúne 1300 sindicatos. Crescemos, principalmente, pelo conceito de buscar interferência nas políticas públicas”, afirmou Ricardo Patah, presidente nacional da Central.

 

O pontapé inicial da dupla celebração ocorreu no domingo, 23, quando foi inaugurada a exposição fotográfica “UGT dez anos: 17 objetivos para mudar o mundo”, uma parceria da Central com a ONU (Organização das Nações Unidas), por meio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

 

Trata-se da mostra de 34 fotografias ao longo da Av. Paulista, maior polo econômico e cultural de São Paulo, que retratam os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável definidos pela ONU para serem implementados até 2030.

 

As imagens trazem situações como erradicação da pobreza, saúde, educação, trabalho decente, igualdade de gêneros, produção e consumo sustentáveis, entre outros.

 

Uma vez que a UGT pensa e luta não somente por uma relação equilibrada entre capital e trabalho, mas por um Brasil com justiça social, ela atua nas diversas frentes abordadas na exposição e seu objetivo é despertar na população os mais diversos sentimentos, como indignação e revolta, por exemplo, mas, principalmente, otimismo e esperança sobre o que pode ser feito para se obter um resultado positivo na Jornada 2030.

 

As fotos ficarão expostas até 30 de maio.

 

Já no dia seguinte, teve início o “IV Seminário 1 de Maio – Os dez anos de luta da UGT e os desafios para superar a crise política e econômica do Brasil”.

 

O evento ocorreu em São Paulo e reuniu cerca de 900 pessoas, entre presidentes das UGTs estaduais, dirigentes sindicais, representantes políticos e sociedade civil.

 

Ricardo Patah abriu o seminário fazendo um alerta: “Estamos vivenciando uma tragédia no direito do trabalhador. Um momento de desesperança. Do ponto de vista sindical, nem na ditadura vivemos algo assim. A Justiça do Trabalho que, assim como o Ministério do Trabalho, veio do sindicalismo, está se distanciando cada vez mais das necessidades dos trabalhadores”.

 

Segundo o presidente, a reforma trabalhista, por exemplo, quer permitir que mulheres grávidas trabalhem em locais insalubres e determina que o empresário escolha o responsável pelas negociações, sem precisar que este seja sindicalizado.

 

“É algo inaceitável. Por isso, precisamos nos unir, sem ter medo de quem quer nos destruir. Temos que mostrar nossa indignação e dar um basta nessas ideias de reformas que retiram tantos direitos do cidadão”, disse Patah. “O movimento sindical não gosta de greves e não admite violência. O que queremos é ir para as ruas mostrar unidade e conscientizar a população sobre a destruição das leis trabalhistas que o governo está tentando nos impor. Daí a importância de as centrais e os trabalhadores se unirem e suspenderem as atividades no dia 28 de abril. Vamos parar. Vamos chamar a atenção. Vamos mostrar que não aceitaremos nenhum direito a menos.”

 

Também presente ao evento, Chiquinho Pereira, secretário nacional de Organização e Políticas Sindicais da UGT – departamento responsável pela organização do seminário, afirmou que o 1 de Maio da Central é diferente porque “há alguns anos, temos muito pouco a comemorar. Então, preferimos nos reunir para refletir e encontrar caminhos”.

 

Para Chiquinho, “estão acabando com a dignidade do nosso povo. São mais de 13 milhões de desempregados no País e as reformas propostas não se preocupam com isso”.

 

“O mundo sindical precisa reagir. Caso contrário, teremos uma escravidão na vida moderna”, afirmou o dirigente.

 

Representando Geraldo Alckmin, Samuel Moreira participou do seminário e reiterou a disposição do governo paulista para “caminhar junto à UGT rumo à solução para a maior crise já vivida pelos trabalhadores”.

 

No primeiro dia de debates, foram abordados temas como a importância das instituições representativas da sociedade para o funcionamento da democracia, o movimento sindical pós-ditadura, como reinserir competitivamente o Brasil na economia global, como retomar a capacidade de investimentos e financiar o crescimento econômico num cenário com altas taxas de juros e, ainda, a emergente 4 Revolução Industrial.

 

“A UGT não é contra a tecnologia. Enxergamos, inclusive, o desenvolvimento tecnológico como uma possibilidade de melhor qualidade de vida e de trabalho. Precisamos acompanhar o desenvolvimento”, disse Canindé Pegado, secretário Geral da Central.

 

A segunda-feira foi encerrada com um presente para os trabalhadores: uma apresentação do grupo Trovadores Urbanos.

 

O seminário continua nesta terça, 25.

 

Veja algumas das falas mais marcantes das palestras:

 

“A gente não cresce porque não investe. E não investe porque, no Brasil, vale mais a pena deixar o dinheiro no banco em vez de abrir um negócio e criar empregos.”

 

Mario Bernardini, diretor de Competitividade Econômica e Estatística da Abimaq

 

“Precisamos ter um projeto de inserção internacional pois a globalização é uma realidade sem volta.”

 

Antonio Corrêa de Lacerda, professor doutor em economia PUC-SP

 

“Se as reformas propostas pelo governo forem aprovadas como estão, em breve teremos que reformar as reformas.”

 

Reinaldo Gonçalves, professor doutor em economia internacional UFRJ

 

“O correto não é ‘país rico é país sem pobreza’. É: ‘país próprio é país sem pobreza’.”

 

Roberto Troster, professor doutor em economia USP

 

“Nenhum mercado está salvo da tecnologia. A 4 Revolução Industrial pode diminuir empregos, precarizar as condições de trabalho, eliminar empregos e aumentar a disparidade de salários. Precisamos nos preparar.”

 

Marcos Cordeiro Pires, professor doutor em história econômica UNESP

 

“Nunca vi um governo tão parado, que não toma decisões. Mas essa crise pode ser uma oportunidade para recuperarmos o conceito de nação.”

 

Benício Schimidt, IAE

 

“Por mais que a crise seja gravíssima, por mais que os empregos estejam diminuídos, o movimento sindical está de pé e lutará com todas as forças para derrubar essas reformas.”

 

Hudson Marcelo da Silva, advogado especialista em direito sindical e mestre em filosofia Unicamp


Fonte:  UGT - 25/04/2017


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