Após a reforma Trabalhista ser sanciona por Temer na tarde de ontem, o Brasil entra na tendência mundial de precarização nas condições de trabalho para baratear a mão de obra. A observação foi feita pelo secretário-geral da IndustriALL Global Union, Valter Sanches, durante reunião na Sede, na manhã de ontem. A entidade representa 141 países, 628 sindicatos filiados e 50 milhões de trabalhadores em 15 setores produtivos da indústria.
“É preciso entender as tendências mundiais, o emprego industrial está se deslocando, saindo do emprego decente no hemisfério norte, para o emprego precário nos hemisfério sul, sobretudo no sul e sudeste asiático”, explicou.
“Os salários baixos, as jornadas altas e a falta de organização sindical acontecem porque há um conluio entre empresas e governos para manter vários países com os mais baixos níveis de condições de trabalho”, denunciou o dirigente. De acordo com o secretário-geral, desmontar 70 anos de legislação trabalhista aqui no Brasil é semelhante ao que está acontecendo na Argentina.
“Não é só um processo dedeterioração política e de aumento do poder de fogo das elites locais, é também para poder possibilitar a privatização de empresas e serviços públicos”.
Sanches destacou que em muitos países acredita-se que a melhor forma para ser competitivo no mundo é tendo mão de obra barata, por essa razão dezenas de países fazem violações aos direitos sindicais.
“Eles vendem essa falácia e isso está acontecendo em vários países, inclusive na França, onde o presidente Macron também foi eleito para implantar uma reforma trabalhista com as mesmas desculpas de que os custos são muito altos e é por isso que não tem investimento”, destacou. “Enquanto não se desenvolve um mercado doméstico forte que atraia capital para investir, não se cria empregos”, observou.
Desafios
Segundo ele, a estratégia da IndustriALL é orientar os recursos da entidade para apoiar a construção de sindicatos fortes. “A melhor forma de distribuir renda é por meio dos sindicatos”.
“Se aqui nós temos 50% de trabalho informal, na Índia é 90%, onde há a segunda maior população do planeta. Eles não têm nem contrato individual de trabalho, quanto mais coletivo. E dos 10% restante, 40% é de trabalho precário”, concluiu.
SINDICATO DEBATE IMPACTOS DA MEDIDA COM A OAB RIBEIRÃO PIRES
O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra do Sindicato, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, participou de debate no dia 11 sobre os impactos da reforma Trabalhista para a classe trabalhadora.
“Reforcei que a medida afeta muito o dia a dia da classe trabalhadora. Vamos continuar as lutas e não vamos deixar precarizar o trabalho na categoria”, afirmou.
“O Sindicato vai ocupar todos os espaços possíveis para defender os trabalhadores. Vamos continuar explicando aos trabalhadores e à sociedade que é um golpe nos direitos conquistados”, disse.
O encontro foi realizado na Câmara Municipal de Ribeirão Pires a convite da Ordem dos Advogados do Brasil, a OAB, da cidade.