Governo sucateia empresa e precariza as condições de trabalho
Os trabalhadores e trabalhadoras dos Correios entraram em greve desde as 22h de domingo (11) por tempo indeterminado. A mobilização, além de defender a valorização da categoria, ocorre por conta da interferência política na empresa, feita pelo governo federal, que tem sucateado os serviços.
Desde que assumiu a Presidência por meio de um golpe, Michel Temer (MDB) e sua base estão vendendo o patrimônio público nacional e os Correios está nos planos de privatização, de acordo com declarações públicas feitas por Gilberto Kassab (PSD), ministro das Ciências, Tecnologia, Inovação e Comunicação, área que comanda a estatal.
Além de pôr em prática um plano de demissão, a empresa fechou 2.500 agências próprias pelo país, atingindo, principalmente, moradores do interior e outras localidades distantes.
Já nas condições de trabalho, a empresa quer que o funcionário passe a arcar com o plano de saúde, que poderá chegar a R$ 900,00, e impede a inclusão de familiares. Anunciou a redução da carga horária e salários do setor administrativo, como reflexo da reforma trabalhista, e acabou com o cargo de operador de triagem, visando a terceirização da atividade.
Para as entidades representativas da categoria, essa série de medidas, que refletem na qualidade do serviço, é uma manobra proposital do governo para, em seguida, convencer a população de que privatizar a estatal seria uma solução.
“Nossa paralisação não é para prejudicar a população, e sim para melhor o serviço postal no Brasil. Diminuíram o número de trabalhadores e ameaçam tirar mais 30 mil. Ficará inviável fazer as entregas dentro do prazo”, afirma Mizael Cassimiro da Silva, da Federação Nacional dos Trabalhadores em Empresas de Correios e Telégrafos e Similares (Fentect/CUT).
Outro ponto criticado é o aumento das taxas de serviços, consideradas abusivas e não justificadas.
Também dirigente da Fentect/CUT, Moises Gonçalves da Silva pede que a população “não caia na armadilha do governo”. “Tanto a empresa quanto os trabalhadores não merecem o tratamento que está tendo do governo ilegítimo, do ministro Kassab e da sua direção. Sempre estivemos de porta em porta, em qualquer canto do país, atendendo toda população. Hoje, com o sucateamento, impedem que isso seja feito e tentam fazer com que pareça que a culpa é nossa. Mass isso é por causa da interferência política e do desejo de entregar mais esse patrimônio à privatização”.
Em São Paulo, os trabalhadores da base CUTista aderiram à paralisação em São José do Rio Preto, Santos, Vale do Paraíba, Campinas e Ribeirão Preto. A greve conta com o apoio e a solidariedade da CUT.