Notícia - Dívidas de produtores rurais: lei foi aprovada, mas governo retira direito à renegociação

Uma medida do governo determinou que os bancos públicos não renegociem dívidas de produtores rurais, beneficiados pela aprovação no Congresso de uma lei que lhes concede descontos de até 95% no saldo devedor. Esses descontos terão de ser bancados pelo Tesouro Nacional, mas não há previsão no Orçamento para isso. Segundo apurou o Estadão/Broadcast, o custo total para o Tesouro poderia chegar a R$ 17 bilhões, caso todos os produtores renegociassem as dívidas.

A possibilidade de renegociação desses débitos, incluindo parcelas não vencidas, foi incluída na Lei 13.606, que criou o Refis do Funrural – uma espécie de contribuição previdenciária dos produtores rurais. A lei foi aprovada com uma série de artigos que permitiram a renegociação também de dívidas com bancos públicos, sem relação com o Funrural.

Michel Temer vetou as benesses. Mas, em abril, o Congresso derrubou todos os vetos, com apoio até mesmo de lideranças da base governista, na maior derrota para a equipe econômica em 2018. Agora, essa conta terá de ser paga pelo Tesouro Nacional.

O Ministério da Fazenda, porém, enviou comunicado aos bancos para proibir a renegociação, já que não há previsão no Orçamento para bancar a “bondade”. O texto diz que o Tesouro não reconhecerá essas operações até que tenha sido aprovado no Congresso orçamento para pagar os custos dos subsídios.

O ministério não deu publicidade ao problema porque a suspensão da renegociação implica em descumprimento de uma lei. O órgão, porém, afirma que cumpre o que determina a Constituição: só pode pagar uma despesa se tiver orçamento.

"A Contag esteve reunida com o Banco do Brasil porque a informação que tínhamos era de que o banco não estava querendo renegociar as dívidas com os agricultores. No entanto, o grande problema está sendo causado pelo governo. A lei que dá aos agricultores o direito de renegociar suas dívidas foi aprovada pelo Congresso, mas o Governo Federal não concorda em pagar a conta da renegociação [o banco renegocia, concede o desconto previsto, mas o tesouro tem que cobrir a parte que o bco vai deixar de receber]", explicou o presidente da CONTAG, Aristides Veras dos Santos.


Ele diz que a Casa Civil prometeu receber a Confederação entre os dias 17 e 22 deste mês, para discutir o assunto."Estamos num processo de mobilização aqui em Brasília para cobrar uma resposta do governo, porque a lei está aprovada, mas os bancos estão impossibilitados de negociar porque o governo não regulamentou. A renegociação é mais que justa. Os agricultores não podem perder esse direito".


Fonte:  De Brasília, Ruth de Souza (com Estadão) - 16/05/2018


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