Notícia - Para analistas, ritmo de criação de empregos caiu em maio

A greve dos caminhoneiros reduziu o ritmo da abertura de vagas formais em maio, mas ainda assim o mês deverá ter saldo positivo no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), preveem os economistas.

A média das estimativas de 12 consultorias e instituições financeiras ouvidas pelo Valor Data aponta para a criação de cerca de 65 mil vagas formais em maio, resultado abaixo dos 115 mil empregos com carteira gerados em abril.

As estimativas variam de 41 mil a 91 mil. Se confirmada a média das projeções, será o quinto mês seguido de saldo positivo para o mercado de trabalho formal. Também será o melhor mês de maio para a geração de empregos com carteira desde 2013, quando foram criadas 72 mil vagas formais no mês - em 2015 e 2016 os saldos foram negativos e, em 2014, foram criadas 59 mil postos, na série sem ajuste sazonal. Ainda assim, o saldo será muito inferior à média histórica para meses de maio, que é de 127 mil.

O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV) projeta um saldo líquido positivo de 67 mil vagas formais em maio. Segundo Tiago Barreira, consultor do instituto, a paralisação da atividade no final do mês resultou em menor volume de contratações, mais demissões e não efetivação de trabalhadores temporários.

"Esperávamos um número semelhante ao mês de abril, pois maio é um mês de fortes contratações sazonais, mas isso não aconteceu por causa do efeito da greve", afirma.

O Ibre-FGV estima o impacto negativo do protesto de caminhoneiros em 40 mil postos formais de trabalho que deixaram de ser criados. No entanto, Barreira acredita que trata-se de um efeito temporário e que a geração de vagas com carteira assinada deve voltar a ficar acima dos 100 mil em junho.

"Esperamos que a economia sinta efeitos não permanentes dessa greve, mas dado os cenários mais pessimistas de PIB, talvez isso afete negativamente o Caged no ano", pondera. A FGV prevê a criação de 524 mil vagas formais em 2018, ou 627 mil com ajuste para incluir dados enviados com atraso.

A estimativa era de um milhão de vagas no início do ano, mas o dado foi revisado para baixo, devido à atividade fraca ao longo do primeiro trimestre.

Apesar do impacto esperado sobre o mercado de trabalho formal, Barreira acredita que a taxa de desemprego deve continuar em queda, passando dos 12,9% do trimestre encerrado em abril para 12,6% em maio e 12,3% em junho.

O consultor explica que isso acontece porque a taxa de desemprego - medida pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua - é menos sensível à variação da atividade do que o emprego formal medido pelo Caged, por tratar-se de uma média móvel trimestral.

Além disso, o indicador de desemprego também é influenciado pela entrada e saída de pessoas do mercado de trabalho, já que a taxa é uma relação entre desocupados e população economicamente ativa (PEA). "O principal fator para a queda do desemprego desde o início deste ano foi a saída de pessoas da força de trabalho", diz Barreira.

O Ministério do Trabalho e Emprego ainda não tem data para divulgar o Caged. O indicador foi vazado para a imprensa antes de sua publicação oficial em todos os meses deste ano. Já o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga a Pnad Contínua em 29 de junho.


Fonte:  Valor Econômico - 20/06/2018


Comentários

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.