Notícia - É Greve Geral! 65 mil metalúrgicos do ABC param as fábricas

Cerca de 65 mil trabalhadores, 98% das fábricas da base dos Metalúrgicos do ABC, pararam nesta sexta-feira, 14 de junho, contra a reforma da Previdência do governo Bolsonaro.

Desde as primeiras horas do dia, o presidente do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão, esteve nas portas das montadoras, acompanhado do presidente da CUT, Vagner Freitas, do secretário-geral da Central, Sérgio Nobre, e do ex-presidente do Sindicato e ex-ministro da Previdência Social, Luiz Marinho. Depois Wagnão seguiu para as empresas de São Bernardo e Diadema para acompanhar a paralisação.

“Essa é a nossa demonstração de contrariedade a essa reforma que acaba com seu direito de aposentadoria. Depois de décadas de trabalho e sofrimento  você não terá direito a aposentadoria decente. Querem que nós trabalhadores estejamos sujeitos a esse tipo de trabalho insalubre até os 65 anos de idade, isso é humanamente impossível. Não concordamos!”, explicou Wagnão.

Os rodoviários, influenciados por liminares que atentam contra o direito de greve, não fizeram a paralisação. “Isso caracteriza a prática antissindical de uma justiça extremamente conservadora, que nega o direito de greve a esses trabalhadores”, alertou. “Estivemos nas portas das fábricas, mas na maioria delas nem seria necessário. Os trabalhadores nem compareceram por compreender que a greve é instrumento de denúncia contra essa retirada de direitos e na defesa de uma aposentadoria digna”, prosseguiu.

O Sindicato realizou um trabalho intenso de mobilização no último mês, com assembleias de esclarecimento e conscientização sobre as razões da greve. “Podemos afirmar com tranquilidade que a greve na nossa categoria foi um sucesso”, explicou.

Vagner Freitas parabenizou o Sindicato pela mobilização de toda a categoria e destacou a força da Greve Geral em todo o país. “No Brasil inteiro uma greve fortíssima, de todas as categorias profissionais. Tentaram de todas as formas acabar com a greve com as multas colocadas para os sindicatos, mas a gente demonstrou que a população é contra acabar com a Previdência Social, o brasileiro quer se aposentar e ter seus direitos previdenciários”.  

Sérgio Nobre alertou que a greve contra o desmonte da Previdência é mais importante do que qualquer greve por aumento de salário. “Na ditadura, fazer a greve era ilegal, mas fizemos porque era justa. Agora estamos fazendo porque é justa e necessária”.

“Essa reforma é desnecessária e cruel. Falar que se não fizer a reforma o Brasil quebra é uma grande mentira, se tem problema fiscal, faz a reforma Tributária. Aposentar é um direito sagrado do trabalhador e da trabalhadora. Esse é um dia de investimento de cada um de nós para barrar esse desmonte da Previdência Social”, frisou Luiz Marinho.

Diadema

Em Diadema, o coordenador da Regional na cidade, Claudionor Vieira do Nascimento, contou que a adesão dos trabalhadores, que não produziram nas fábricas, mostrou a consciência dos trabalhadores.

“A adesão foi muito boa e é a resposta necessária, não só a questão da Previdência Social, mas o desemprego, a violência e tudo o que está acontecendo no país são motivos suficientes para os trabalhadores pararem”, afirmou.

São Bernardo

Em São Bernardo, o coordenador, Genildo Dias Pereira, o Gaúcho, confirmou a ampla adesão dos trabalhadores na cidade.

“As metalúrgicas de São Bernardo estão paradas, os trabalhadores sequer apareceram nas fábricas. É dia de mostrar a nossa indignação contra o fim da aposentadoria, não só para a gente, mas para as futuras gerações, filhos e netos”, reforçou.

Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra

O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Marcos Paulo Lourenço, o Marquinhos, também rodou as metalúrgicas da região para garantir que ninguém entrasse nas fábricas.

“Os trabalhadores na nossa base atenderam ao chamado do Sindicato e entenderam a importância de participar da greve para barrar a reforma da Previdência”.

Montadoras

Na portaria da Mercedes, o coordenador da representação, Ângelo Máximo de Oliveira Pinho, o Max, afirmou que os trabalhadores aderiram 100% a Greve Geral.

“Fizemos assembleias com todos os turnos no dia 12, quando aprovaram a participação. Hoje deveriam ter 11 mil trabalhadores, entre Mercedes e prestadores de serviços, mas estão todos em luta contra a reforma da Previdência e contra esse governo que não presta atenção nos direitos da sociedade nem se preocupa com o Brasil, só está preocupado com os norte-americanos”, disse.  

O diretor executivo do Sindicato e CSE na Volks, Wellington Messias Damasceno, também reforçou a importância da mobilização da companheirada na greve.

“Os trabalhadores estão firmes na luta contra essa reforma que só retira direitos e não corrige injustiças. Pelo contrário, privilegia quem já tem privilégio e tira de quem precisa do atendimento do Estado”, criticou.

A diretora executiva do Sindicato e CSE na Volks, Michelle Marques, destacou o dia importante de luta para a classe trabalhadora, principalmente as mulheres, que tem o direito histórico de aposentar um pouco antes devido a jornada dupla ou tripla.

“Isso está colocado em xeque agora. Além disso, como o trabalhador vai aguentar até 65 anos de idade em uma linha de produção? Desafio o presidente do Brasil trabalhar na linha para ver até quando aguenta. Essa reforma é inadmissível. Vamos lutar porque não é isso que queremos para o país”, chamou.

Na Scania, a representação dos trabalhadores orientou o pessoal nas portarias. “A fábrica está parada, os terceiros estão aderindo à greve também. A luta é contra essa reforma que só prejudica os trabalhadores”, contou o CSE, Cláudio Roberto Ribal.

 

 

 


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos do ABC - 14/06/2019


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