Ao contrário do que governo e grande mídia falam, a reforma da Previdência não só mantém os privilégios como ainda vai aumentar as desigualdades sociais. A proposta deve ser votada em segundo turno pelo plenário da Câmara Federal, em 6 de agosto.
Além da aumentar a idade mínima e o tempo de contribuição para o cidadão ter direito à aposentadoria, a reforma tira benefícios dos mais carentes. É o caso do abono salarial, que atende atualmente o trabalhador com até dois salários mínimos (R$ 1.996,00).
A nova regra prevê o direito apenas para quem tem renda de até 1,37 salário mínimo (R$ 1.364,43), excluindo 12,7 milhões de brasileiros. Com a mudança, que vai empobrecer ainda mais a população, o governo estima fazer uma "economia" de R$ 76,4 bilhões em 10 anos.
Se a reforma da Previdência é péssima para o trabalhador, não se pode dizer o mesmo para os grandes exportadores. A proposta mantém a isenção da contribuição previdenciária de 2,6% da receita de comercialização a produtores rurais, empresas e cooperativas que exportam uma parte da produção.
Os ruralistas também podem pedir o perdão da dívida do Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural), hoje em R$ 17 bilhões. Assim, o governo vai deixar de economizar R$ 84 bilhões em 10 anos. É o Brasil de Bolsonaro. Dois pesos e duas medidas.