Notícia - Protestos por investimento em saúde pública tomam locais de trabalho e redes sociais

Trabalhadores do serviço público e privado e estudantes fizeram desta quarta-feira,18, um dia de protestos contra o governo federal, estaduais e municipais de todo país que insistem no desmonte dos serviços públicos, sobretudo em momento de pandemia mundial ocasionado pelo coronavírus.

Por conta do Covid-19, inclusive, os movimentos decidiram pelo cancelamento das manifestações que seriam realizadas nas principais capitais do país hoje e orientaram que os trabalhadores ficassem em casa, realizando protestos pelas redes sociais e aderindo a outras formas de manifestação.

No entanto, alguns pontos da capitalpaulista tiveram ações pontuais e sem aglomerações para alertar sobre o sucateamento dos serviços públicos, com atenção ao Sistema Único de Saúde (SUS) e à educação.

Servidores públicos realizaram ato em frente ao Hospital do Servidor Público Municipal de São Paulo (HSPM), na Aclimação, e no Hospital do Servidor Estadual (Iamspe), na Vila Clementino, ambos na zona sul, no Hospital Maternidade Leonor Mendes Barros, Hospital São Matheus, e na UBS Paraguaçu, na zona leste.

Em todos esses locais, com apoio do Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo (Simesp) e do Sindicato dos Trabalhadores da Saúde (Sindsaúde-SP), profissionais da saúde e médicos reivindicaram o fortalecimento do SUS como caminho para responder à pandemia e reforçaram que os processos de terceirização na saúde precarizam os atendimentos e enfraquecem a reposta do país. Portanto, a realização de novos concursos se faz urgente.

Os atos não causaram nenhum prejuízo nos atendimentos dos serviços de saúde, conforme orientação dos sindicatos. Os trabalhadores que se manifestaram fizeram isso fora do horário de expediente.

Uma das pautas que tem sido a tônica de todos os protestos se refere à Emenda Constitucional (EC) 95, de 2016, que congela investimentos públicos em áreas importantes para a população, como a saúde, educação e pesquisas, assistência social e segurança pública, instituindo um novo regime fiscal para vigorar até 2036. O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e seu ministro Paulo Guedes não dão sinais de revogação desta EC e apresentam medidas que irão desmontar ainda mais os serviços públicos, promovendo cortes, desvalorizando servidores e não convocando mais concursos.

Neste momento de pandemia, lembra o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve se envergonhar por ter comparado funcionário público a "parasita" ao defender a reforma administrativa, em fevereiro, especialmente num cenário em que são os servidores públicos, especialmente os da saúde, que estão na linha de frente cuidando da população.

“Hoje é um dia de luta, mas também de reflexão. Nossa orientação aos servidores, trabalhadores, estudantes e militantes dos movimentos sociais é de usar as redes sociais para se manifestar e fazer o debate sobre o que esses governos têm construído de propostas para destruir o Estado brasileiro, o SUS, a educação, a seguridade social, enfim, direitos consolidados na Constituição federal de 1988. É momento de dizer que projeto de país nós queremos”, disse o dirigente.

Controle de endemias e vigilância em saúde

Nesta quarta-feira (18), ações também ocorreram na Superintendência de Controle de Endemias (Sucen), no centro, onde os trabalhadores estão em assembleia permanente para cobrar atenção do governo. O mesmo foi feito pelo Sindicato dos Servidores Municipais (Sindsep-SP) na frente da Covisa (Coordenação de Vigilância em Saúde), na Vila Buarque, no centro da capital, pedindo reforços da prefeitura nos cuidados aos trabalhadores. No serviço funerário, servidores denunciam que falta álcool em gel nos velórios e orientações sobre os cuidados com a saúde.

Para piorar,  nesta manhã a Câmara Municipal informou que pretende votar o Projeto de Lei (PL) do prefeito Bruno Covas (PSDB) que pode extinguir até autarquia hospitalar (leia mais abaixo).

Mais cedo, estudantes da União Nacional dos Estudantes (UNE) e do Levante Popular da Juventude colocaram faixas contra o governo no Viaduto do Chá e na Avenida 23 de Maio, ambas no centro de São Paulo.

A cidade de Bauru (SP) amanheceu repleta de faixas e cartazes, espalhados por diversos lugares da região central, como pontos de ônibus, calçadão, viadutos e prédios públicos, como Câmara Municipal. As mensagens alertavam sobre os riscos do coronavírus, o ataque à Previdência feito por Bolsonaro, os desmontes do governo Doria e do prefeito Clodoaldo Gazzetta (PSDB). A ação foi organizada pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo

Para a médica infectologista, Juliana Salles, dirigente da CUT-SP, é necessário que a população cobre dos governos medidas de isolamento. “É também urgente exigir que os trabalhadores tenham proteção dos trabalhadores quanto ao seu trabalho e subsistência, em especial aos informais, precarizados e desempregados gerados pela reforma trabalhista. Além de  adequados recursos para o SUS, com a suspensão do teto dos gastos [EC 95], proteção dos profissionais de saúde com recursos e equipamento de proteção individual (EPI) e condições de atendimento a toda a população que necessitará de leitos, UTI e equipamentos”, alerta.

Golpe de Bruno Covas e aliados

Em tempos de pandemia do coronavírus, a Câmara Municipal de São Paulo informou que irá votar em regime de urgência, nesta quarta (18), o PL 749, de 2019, que prevê a criação de duas agências reguladoras e a redução das entidades da administração indireta (empresas, autarquias, fundações e serviços sociais autônomos) de 22 para 14. Entre essas, existem as que cuidam dos 11 hospitais municipais de São Paulo e do serviço funerário.

A gestão Bruno Covas (PSDB) e o conjunto de vereadores de sua base não permitem que o povo entre na Câmara Municipal por conta do coronavírus, mas seguem votando projetos que vão contra a população. Dirigentes do Sindsep-SP estiveram de plantão na Câmara exigindo a derrubada da pauta.

“Isso é golpe de governo contra a população de São Paulo. O prefeito e parlamentares aliados aproveitam-se de forma desonesta deste momento delicado que estamos vivendo de pandemia. Ou seja, no meio de uma crise sanitária, o governo paulista quer dar fim à autarquia que gerencia  todos os hospitais públicos e prontos-socorros na capital”, relata o servidor da vigilância sanitária e dirigente do Sindsep-SP e da CUT, João Batista Gomes.


Fonte:  Rafael Silva e Vanessa Ramos - CUT São Paulo - 19/03/2020


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