O retorno às aulas em plena pandemia do novo coronavírus é motivo de debates, aflição e preocupação de professoras, professores, pais e mães em todo o Brasil.
Em São Paulo, a previsão da volta às atividades escolares para o dia 8 de setembro, apesar do aumento dos casos confirmados da Covid-19 no estado, mobilizou professores, sindicatos e movimentos populares, que foram às ruas protestar nesta quarta-feira (29).
Reunidos desde às 9h em frente ao Estádio do Morumbi, na zona sul da capital paulista, para seguir em carreata saindo da Avenida Jorge João Saad por volta das 11h, depois subir a Avenida Giovani Gronchi, sentido Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do Estado de São Paulo, os manifestantes tiveram o acesso aos carros bloqueado pela Polícia Militar (PM).
Professores, trabalhadores do sistema público de saúde, movimentos sociais e apoiadores resolveram seguir a pé até o Palácio, mas novamente foram impedidos por policiais de batalhões territoriais e especializados, como o Batalhão de Ações Especiais da Polícia (BAEP). Até 13h30, manifestantes e a PM seguiam no local.
Dois bloqueios foram feitos pela polícia. Um na Avenida Alberto Einstein, altura do número 1.070. Outro na Rua Marechal do Ar Antonio Appel Neto, altura do número 300. Mesmo com a presença de parlamentares, não houve diálogo com o governo nem com policiais.
Presente no ato, a presidenta da Apeoesp (Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo) e deputada estadual por São Paulo, professora Maria Izabel Azevedo Noronha, mais conhecida como Bebel, classificou como autoritária a postura do governo paulista.
"O governador João Doria mostra novamente seu autoritarismo, bloqueando os acessos ao Palácio dos Bandeirantes aos profissionais da educação e da saúde, mobilizados pela Apeoesp e pelo Sindsaúde. Nem mesmo a pé nos deixam chegar. Mas não desistiremos. Nossa luta é em defesa da vida, contra a volta das aulas presenciais, pelo reconhecimento e valorização dos trabalhadores da saúde e auxílio emergencial para os professores temporários sem salário", afirmou.
Também no local, o presidente da CUT São Paulo, Douglas Izzo, criticou o bloqueio ao palácio.
"Essa carreata é uma manifestação legítima contra o retorno presencial das aulas neste momento em que os casos da Covid-19 seguem em alta. Uma luta que não é só dos professores, mas de toda sociedade, pois a volta às aulas sem segurança sanitária, além de aumentar a possibilidade de contágio, coloca em risco não só a categoria, mas alunos, pais, funcionários e suas famílias", finalizou.
Procurada, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP) encaminhou uma nota à reportagem da CUT-SP omitindo o questionamento sobre o bloqueio no local. Apesar de apontar “o direito à livre manifestação” e confirmar a pacificidade do ato, não permitiu a carreata no local e nem a manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes.