O auxílio emergencial de R$ 600, pago pelo governo desde abril deste ano, devido ao isolamento social, manteve a economia ativa em municípios de menor renda e alta vulnerabilidade, conforme mostra um estudo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Norte e Nordeste foram as regiões que tiveram maior impacto com o recebimento do auxílio. Os municípios das regiões Sul e Sudeste são os menos impactados relativamente , ou seja, como percentual do PIB.
“Se for olhar o impacto sobre o PIB ou sobre a massa de rendimentos das famílias, tem vários municípios de estados do Norte e do Nordeste que se beneficiam bastante, como o Pará e o Maranhão. No estudo, a gente apresenta uma relação desses estados, onde tem [lugar] que o impacto sobre o PIB do estado chega a ser mais de 8% e, em nível de município, tem alguns que chega a ter impacto de 27%”, explicou o professor de economia da UFPE, Ecio Costa, um dos responsáveis pelo estudo.
Para o pesquisador, o que mais chamou a atenção na pesquisa foi o saldo político do benefício, já que o dinheiro entra diretamente “nas famílias mais pobres das regiões mais pobres do Brasil” sem intermediários. Ou seja, é uma transferência de recursos direta para pessoas que precisam, quer sejam cadastrados no Bolsa Família, Cadastro Único e também os informais. Isso “traz realmente um impacto significativo tanto nas famílias mais pobres, como nos municípios que mais necessitam”, analisou Costa.
Com relação à utilização do dinheiro, o professor diz que a verba tem sido utilizada de forma bem pulverizada. “Em geral, as famílias gastam com alimentação, vestuário, pagamento de contas, compra de itens para a casa, de forma que teremos isso bem pulverizado. São milhões de pessoas recebendo esses recursos distribuídos ao longo do país como um todo, fazendo com que tenham a liberdade para gastar como bem entender”, finalizou.
Auxílio e reeleição
De olho na reeleição, Jair Bolsonaro, que capitalizou o saldo político do auxílio, embora o valor tenha sido decidido na Câmara, por pressão das centrais sindicais, estuda prorrogar o benefício.
Ainda que o presidente declare que, devido ao alto custo: “não dá pra continuar muito”, projeções internas do Palácio do Planalto mostraram que o auxílio teve efeito positivo nas regiões e faixas sociais onde o presidente sofre mais resistência. E, por isso, ele avalia estendê-lo pelo menos até outubro, segundo informou o jornal Folha de São Paulo nesta segunda (10). Ele também montou um cronograma de inaugurações pelo país até o final do ano e deverá lançar medidas de impacto social na tentativa de diminuir a rejeição nas classes D e E.
O plano do governo, por ora, é que o auxílio seja substituído por um projeto de lei que cria o Renda Brasil, uma reformulação do Bolsa Família que serviria como um substituto ao auxílio emergencial sobretudo para trabalhadores informais. Assim ele diferencia seu projeto do Bolsa Família, criado pelo PT.