Notícia - Seminário na Alesp debate benefícios da jornada reduzida na vida dos trabalhadores

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo sediou, nesta sexta-feira (25), um seminário que teve como tema a redução da jornada de trabalho e os impactos sociais e econômicos dessa possível medida. Solicitado pelo deputado Donato (PT), o evento reuniu representantes de diversas entidades ligadas à luta sindical.

A pauta principal foi a proposta de fim da escala "6 por 1", tipo de jornada comum nos setores de comércio e indústria, na qual o funcionário trabalha seis dias consecutivos e folga um, que é geralmente o domingo.

Essa é uma luta secular do movimento operário, segundo Donato, e é possível de ser alcançada com o avanço tecnológico, a inteligência artificial e o aumento da produtividade. O parlamentar ainda ressaltou que vários países já adotam as escalas 5 por 2 e até 4 por 3.

"O alcance dessa conquista melhoraria a qualidade de tempo, aumentando o descanso, estudo, momentos de lazer e convívio com a família", disse o deputado.

O presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT-SP), Ricardo Suzart, também defendeu que esse tipo de debate é fundamental para ajudar a construir uma sociedade melhor e garantir que cada trabalhador tenha uma vida mais satisfatória. "Apesar de o Brasil ter mão-de-obra qualificada para ocupar os postos de trabalho, muitos [profissionais] não estão dispostos a se submeterem a baixos salários, longas jornadas de trabalho, assédio moral e outras condições ruins", pontuou Suzart.

Além dos benefícios já destacados, a técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Fabiana Campelo, ressaltou que o debate sobre a redução da jornada de trabalho ajuda a combater o desemprego e as altas taxas de informalidade e rotatividade, aumenta a produtividade, reduz o adoecimento da classe trabalhadora, traz mais tempo para a qualificação profissional e ajuda a inserir o jovem no mercado de trabalho. "Esse é um passo decisivo para construir e implantar um sistema mais democrático nas relações trabalhistas brasileiras", concluiu Fabiana.

 

Legislação

O presidente da União Geral dos Trabalhadores (UGT), Ricardo Patah, comentou que a Constituição Federal de 1988 reduziu a jornada de trabalho de 48 para 44 horas semanais e que, na época da sua promulgação, também já se debatia a jornada de 40 horas.

"Naquela época, a elite empresarial foi contra essa redução, porque muitos acreditavam que isso poderia causar falências e crise econômica para o país", lembrou Patah.

Os participantes destacaram que uma redução da jornada traria mais dignidade, respeito e justiça para as profissionais mulheres, ajudando a conciliar com a vida pessoal, melhorando a saúde mental e diminuindo a sobrecarga das trabalhadoras que, muitas vezes, são as responsáveis pelos cuidados domésticos e dos filhos.


Fonte:  Daiana Rodrigues - Fotos: Marco A. Cardelino - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - 28/04/2025


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