Artigo - Menos juros, mais produção

Falta de responsabilidade fiscal é sangrar o os cofres públicos em centenas de bilhões de reais com pagamento de juros para 0,05% da população

O dólar sobe e a Bolsa cai cada vez que o Lula reclama dos juros altos. O que está por trás disto?

Apesar dos juros altos, a economia conseguiu crescer em 2023 e no ano em curso. Mas a ganância dos rentistas quer puxar a economia para baixo. Querem manter os juros altos ou os elevarem.

Mal o povo consegue consumir um pouco mais, os salários subiram moderadamente, o desemprego caiu e o nível de emprego atingiu recordes, os rentistas vêm dizer que isto é ruim, que prejudica a economia. As pessoas comuns melhorarem um pouco prejudica a quem?

Rentistas são os que vivem de papéis do Tesouro, que rendem taxas de juros (Selic) definidas pelo Banco Central. Um punhado de bilionários que não produzem um parafuso, não geram empregos.

As atuais taxas de juros, as mais altas do mundo não em guerra, beneficiam os rentistas em R$ 790 bilhões ao ano. Estes sangram as contas do governo em valor idêntico.

Os ganhos dos rentistas não vêm do ar, mas dos cofres públicos, dos impostos que a sociedade paga. Qualquer semelhança com parasitas, que se alimentam da penúria alheia, não é coincidência.

Para garantir a galinha dos ovos de ouro, disputam o orçamento público com a sociedade, exigindo compressão das despesas não-financeiras, o tal déficit zero. As despesas não financeiras são todas as demais que não envolvem juros, como saúde, educação, previdência, etc.

O dólar sobe e a bolsa cai porque os rentistas estão descontentes que o governo destine recursos a áreas vitais, como saúde, educação, aposentados. Têm calafrios ao ver verbas adicionais socorrerem atingidos pela enchente, famílias, empresas e estradas. O que para nós, comuns, é justo e necessário nesta hora de aperto, para eles seria falta de reponsabilidade fiscal.

Falta de responsabilidade fiscal é sangrar o os cofres públicos em centenas de bilhões de reais com pagamento de juros para 0,05% da população. Hipocrisia dos beneficiários desta sangria reclamarem que o governo destine algumas dezenas de bilhões necessárias a 90% dos brasileiros.

Os rentistas roem as unhas com a aproximação do fim do mandato do presidente do BC, Roberto Campos. É que até aqui o BC os beneficia ao fixar juros altos a remunerar suas aplicações. E o faz por pura vontade, nada de “forças de mercado”, são pessoas, os membros do Copom, que definem a taxa de juros.

Os rentistas temem perder maioria no Copom. Temem que isso leve à baixa dos juros, reduzindo os ganhos dos rentistas e o rombo nas contas públicas. Teme que o Lula, em vez de cortar os gastos com a produção e as áreas sociais, corte as colossais despesas com juros.

Existe um mercado que não é o financeiro, o da produção, que é a enorme maioria da sociedade. As indústrias metalúrgicas e de outros ramos, os lojistas e as empresas de serviços sabem que juros baixos favorecem as vendas e geram pedidos a fornecedores, aquecendo a economia. Os trabalhadores sabem que assim crescem as ofertas de emprego e tendem a ser valorizados.

O País vive uma encruzilhada. Ou se rende à ganância do rentismo e retarda a economia ou trilha o caminho do crescimento e valorização da indústria, da produção e do trabalhador.

O movimento sindical levanta-se defendendo em alto e bom som: “Menos juros e mais produção!”.


Assis de Melo
Presidente da Fitmetal (Federação Interestadual de Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil) e do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região (RS)

 

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