“Tudo depende dos jovens. De fato, somente os jovens possuem a chave. A coragem e as ações dos jovens transbordantes do espírito de pioneirismo mudam a época e fazem surgir o sol da esperança. Seja qual for a época, são os jovens que abrem as novas páginas da história.”
A frase acima é de um filósofo japonês e líder budista, Daisaku Ikeda (1928-2023), que colocava toda a sua energia para incentivar os jovens como força para transformar uma sociedade.
É dessa forma que eu enxergo que o movimento sindical brasileiro deve focar a sua energia. Trazer os jovens para os quadros dos sindicatos, federações, confederações e centrais sindicais e mudar a realidade do trabalhador brasileiro.
Os jovens têm a energia para a transformação do mundo em que vivemos. Eles darão um novo caminho e direcionamento para melhorar as condições dos trabalhadores brasileiros.
Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), mostraram que a taxa de associados em sindicatos caiu 55% entre 2012 e 2022 entre 16 e 29 anos, eram 3 milhões de pessoas e caiu para 1,3 milhão.
Vemos o Movimento VAT (Vida Além do Trabalho) que se iniciou com vídeos no Tik Tok por Rick Azevedo para criticar a jornada de trabalho 6x1 e começou a ganhar tração nas redes sociais, que teve como resultado, mais de um milhão de assinaturas em um abaixo assinado, apoio da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) que apresentou uma PEC para mudar este regime de trabalho e redução da jornada de trabalho.
O movimento tem ganhado as ruas, com panfletagem para conscientizar a população sobre a luta deles e o quanto é benéfico para todos.
O interessante em observar esta mobilização, é ter iniciado sem uma entidade representativa, sendo espontânea e atraindo muita gente, principalmente aquelas que trabalham só tendo um dia de folga na semana.
O sindicalismo precisa começar a olhar para o que os jovens estão realizando e, principalmente, o que desejam.
Clemente Ganz Lúcio em artigo publicado no ano passado para falar sobre a sindicalização dos jovens, ele traz um estudo da OCDE que mostra que os jovens representam 7% do total dos sindicalizados nos países que compõem a organização e “são os menos propensos a se sindicalizar”.
Clemente enfatiza que o processo para que o trabalhador se sindicalize é resultado do desenvolvimento de relações contínuas de presença na base, mostrando o papel do sindicato na proteção dos direitos trabalhistas e para conquistar melhores condições para os trabalhadores.
Outro ponto a ser considerado nessa equação é a demonização do sindicalismo. A cultura neoliberal coloca o sindicato como algo que não precisa existir, e as pessoas começam a normalizar isso em suas vidas e o movimento sindical começa a perder espaço.
É hora de uma grande mobilização do movimento sindical em suas bases para trazer os jovens para a luta, mas principalmente uma educação política e de luta de classes. Dessa forma, teremos pessoas prontas para estar na linha de frente dos sindicatos.