Artigo - Mais de 275 mil trabalhadores químicos do estado de São Paulo serão isentos do imposto de renda, caso projeto de lei seja aprovado

Projeto de Lei que prevê isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil foi enviado no dia 18/03 pelo Governo Federal para o Congresso Nacional. Nas palavras do presidente Lula, “nós queremos é salvar o povo trabalhador de pagar o imposto de renda enquanto muita gente rica sonega”. De acordo com estimativas do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), cerca de 10 milhões de pessoas estão dispensadas do recolhimento do tributo hoje, com a ampliação da faixa de isenção, esse número dobrará, totalizando aproximadamente 20 milhões de isentos.

A isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil foi uma reivindicação do Movimento Sindical ao presidente Lula durante a campanha eleitoral. Atualmente, o limite de renda mensal para isenção é de R$ 2.259,20, porém, a lei que instituiu a nova política de valorização do salário mínimo, permite um desconto de 25% sobre o valor do limite de isenção, equivalente a R$ 564,80. Somado ao valor base de R$ 2.259,20, o limite efetivo de isenção está hoje em R$ 2.824,00. Tratando-se de um imposto retido na fonte, caso o projeto de lei seja aprovado, os trabalhadores serão diretamente beneficiados com um recolhimento significativamente menor no próximo exercício.

A título de simulação, com base nos dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS 2023), 34,4% dos trabalhadores químicos do Estado de São Paulo recebem até R$ 2.824,00 – equivalente a 141 mil trabalhadores. Essa participação salta para 66,9% (275,3 mil trabalhadores) se considerarmos o corte salarial de R$ 5.000,00. Na prática, aproximadamente 133,6 mil trabalhadores químicos se tornarão isentos da cobrança do imposto de renda com a aprovação do projeto de lei.

Contudo, para promover uma verdadeira justiça social tributária, é necessário adotar medidas mais abrangentes, a começar pelo reajuste de todas as faixas da tabela do IR, considerando que a defasagem acumulada desde 1996 ainda é de 130,68% (segundo dados da Unafisco). Na década de 1970, existiam 16 faixas de renda com alíquotas que chegavam até 50%, mas, com o passar dos anos, essas faixas foram gradualmente reduzidas, diminuindo a progressividade do imposto. Além disso, é fundamental avançar na tributação de lucros, dividendos e juros sobre capital próprio distribuídos a sócios e acionistas, completamente isentos desde 1995.

Os avanços conquistados em 2023 e 2024, com a ampliação da faixa de isenção, representaram um passo importante para aliviar a carga tributária sobre os trabalhadores de menor renda. No entanto, a atualização da tabela do imposto de renda como um todo é urgente diante da enorme defasagem acumulada, cabendo ao governo implementar uma política de ajustes contínuos para toda a tabela do IR.

O movimento sindical está fazendo a sua parte, negociando reajustes salariais acima da inflação e conquistando a ampliação da faixa de isenção. Agora a luta é no Congresso Nacional, que já mostra indícios de contrariedade à tributação compensatória dos super ricos (que recebem a partir de R$ 600 mil por ano). A sociedade precisa estar mobilizada e pronta para cobrar seus deputados e senadores. Estas mudanças são essenciais para construir um sistema tributário mais justo e equilibrado, que garanta a responsabilidade fiscal do governo, mas que priorize a geração de emprego, renda e a erradicação da pobreza no Brasil.


Sergio Luiz Leite
Presidente da FEQUIMFAR e
Vice-presidente da Força Sindical


 

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