Tomando um rio como metáfora para o sindicalismo, a corrente de água é o movimento e as margens (e outros acidentes geográficos) são os determinantes institucionais.
A corrente, bem como a impetuosidade da ação sindical, pode variar e varia ao longo do tempo. Há situações e épocas em que o sindicalismo é agressivo e violento em resposta à violência estatal e empresarial, como acontecia no Estados Unidos da América nos fins do século XIX. Era, então, considerado até mesmo por Engels o mais violento do mundo, o sindicalismo da “banana de dinamite”.
Mas as formas definitivas e “canônicas” de avanço do movimento sindical são, em geral, repetitivas: sindicalização, greves, piquetes, boicotes, ocupações, assembleias e manifestações de rua. A ação sindical é muito parecida em qualquer de suas manifestações nacionais, regionais e locais.
Já as margens institucionais variam e variam muito, dependendo da época, da situação em cada um dos países, regiões ou locais ou do acúmulo de experiências. A violência do sindicalismo norte-americano deu lugar a um sindicalismo acomodado e em vários momentos subserviente nas grandes questões do capitalismo e nos interesses do Estado (apesar do “quero mais” do charuteiro Gompers).
No Japão, a partir da década dos anos 50 do século passado, a institucionalização era tão forte que os sindicatos se obrigavam até à “ofensiva de primavera” (shuntô) como época de concentração das campanhas salariais, buscando uma data-base única.
E na França, até hoje, com índices de sindicalização muito baixos, a taxa de cobertura por acordos e convenções supera os 90% dos contratos.
Quaisquer que sejam as realidades, as recorrentes e as específicas – a corrente de água e as margens – o sindicalismo, como um rio, irriga a democracia.