O Brasil atravessa um período de profundas turbulências políticas, cujas raízes circunstanciais, remontam ao início da segunda década do século XXI. Nesse cenário, forças reacionárias habilmente orquestraram ações contra o governo democraticamente eleito de Dilma Rousseff, culminando em seu afastamento em 31 de agosto de 2016, com disfarce de legalidade.
A partir de 2017, sob a égide de um novo governo, golpista, a estrutura do sindicalismo brasileiro tornou-se um dos primeiros alvos dessas forças. A Reforma Trabalhista (Lei 13.467/17) promoveu uma descapitalização brutal das entidades sindicais, minando sua capacidade de sobrevivência. Essa medida abriu caminho para que empregadores antisindicalistas pudessem pressionar trabalhadores a não se filiarem, agindo como se os sindicatos não fossem ferramentas essenciais para o próprio desenvolvimento de um Estado capitalista.
Historicamente, as elites hegemônicas brasileiras têm demonstrado uma visão retrógrada em relação até mesmo ao desenvolvimento político-liberal burguês. Em momentos políticos críticos, provocados pela resistência às ferramentas de desenvolvimento social, como a reforma agrária e um sindicalismo forte e autônomo, essas forças sempre opuseram ao progresso.
A luta política é um processo sistêmico
Para entender isso é crucial compreender que a luta política na sociedade é um processo sistêmico, alimentado por forças complementares, concorrentes e antagônicas. Embora as forças progressistas tenham conquistado uma importante vitória nas eleições presidenciais de 2022, a amarga derrota no poder legislativo, com um Congresso atuante como força concorrente e antagônica, expôs a fragilidade da nossa representação política. Mesmo dentro da máquina administrativa executiva, essas forças entrincheiradas se debatem, e frequentemente, hordas corruptas e opostas à transparência republicana ganham espaço.
Um exemplo contundente disso foram os recentes acontecimentos em Brasília. O Sindicato Nacional dos Aposentados da Força Sindical denunciou a existência de associações que, a pretexto de serem “clubes de serviço” oferecidos para aposentados, aproveitaram das brechas para realizar Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) no INSS, para fraudar aposentados por meio desses instrumentos de parceria.
Ataques ao sindicalismo
Durante as investigações dessas denúncias, o Sindicato Nacional dos Aposentados FS , bem como também a COBAP e a CONTAG, foram surpreendentemente incluídos como instituições suspeitas e todos Sindicatos Nacionais das diversas Centrais deixaram de receber seus repasses financeiros autorizados pelos sócios, apesar de terem sido denunciantes dessa falcatrua, no Conselho da Previdência, desde 2017 , 2019 e 2023. Torna-se claro que estamos frente a uma ação tática, politicamente oportunista, para avançar em uma segunda fase contra o sindicalismo brasileiro.
Está em curso um golpe fatal contra o modelo sindical de abrangência nacional que vinha crescendo e se fortalecendo na luta política em favor da Seguridade Social dos idosos do país. A semelhança com a ofensiva antisindicalista de 2017, que atingiu os sindicatos de trabalhadores da ativa , é inegável.
É tempo de convocar todas as forças sindicais que ainda resistem à deterioração política da representação dos trabalhadores – e agora, dos cidadãos aposentados e pensionistas – para uma grande cruzada nacional de denúncia e resistência. Não podemos permitir que nos confundam com entidades apócrifas e corruptas que agiram dentro e fora do INSS.
Nosso lema: Aposentados e Trabalhadores Unidos contra a Fraude e o Desmonte Sindical!