Artigo - Defesa firme de bandeiras da classe trabalhadora e mais impostos para os ricaços amplia popularidade do governo Lula

O governo Lula vem recuperando credibilidade e ampliando sua popularidade ao longo das última semanas graças à posição firme do presidente em defesa dos interesses da classe trabalhadora e da denúncia da oposição dos ricaços a uma maior contribuição para compensar a isenção do Imposto de Renda para salários até o valor de R$ 5 mil.

Conforme comentou em seu blog a jornalista Bela Megale “não são apenas os levantamentos do Palácio do Planalto que têm mostrado melhora na popularidade de Lula após o governo abraçar o discurso de ‘ricos contra pobres’ e reagir ao tarifaço de Trump. As pesquisas eleitorais estaduais que têm chegado ao PL, partido de Jair Bolsonaro, também mostram o presidente crescendo cerca de dois pontos percentuais no último mês”.

Classes dominantes

O que a mídia hegemônica e a direita em geral designam de “discurso de ricos contra pobres” se traduz na verdade por uma defesa firme de pautas populares que não avançam por conta da forte oposição dos grandes capitalistas, banqueiros, comerciantes, latifundiários do agronegócio e os especuladores da Faria Lima.

Foi isto, por exemplo, que orientou a votação na Câmara dos Deputados contra o decreto governamental acerca do Imposto sobre Operações Financeiras, que evidentemente não afetariam o bolso do povão, mas basicamente os investidores do mercado financeiro e turistas em viagem no exterior.

A decisão dos parlamentares é considerada inconstitucional e está sendo contestada pela Advocacia Geral do Governo (AGU) e o PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF).

Fim da escala 6×1

Da mesma forma, o projeto que abole a desumana escala 6×1 e estabelece a redução da jornada de trabalho sem redução de salários para 36 horas semanais, protocolada pela deputada Erika Hilton (PSOL-SP), está parado na Câmara Federal por causa da forte resistência do patronato.

Lula também manifestou seu apoio ao fim desta escala desumana, à qual estão sujeitos 65,8%, ou quase dois terços, dos trabalhadores e trabalhadoras com contratos formais de acordo com dados de 2022, data da última RAIS. Ou seja, em números absolutos, nada menos do que 32 milhões de pessoas com carteira assinada.

Doenças ocupacionais

A sobrecarga de trabalho desses brasileiros e brasileiras, associada ao baixo valor dos salários (82% dos que trabalham em comércio e serviços ganham menos de dois salários mínimos), é causa de doenças ocupacionais variadas e ajuda a explicar o fato de que 30% dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras sofrem com a síndrome de Burnout e 70% revelaram sentir estresse no ambiente de trabalho.

Além de elevar sobrecarregar e elevar os custos do Sistema Único de Saúde (SUS) a doença é uma má conselheira da economia, pois eleva o absenteísmo e reduz a produtividade do trabalho.

No entanto, o patronato – que nada enxerga além do próprio e estreito nariz – é desde sempre hostil à redução do tempo de trabalho sem redução de salários, pois não quer de forma alguma abrir mão da margem de lucro.

Poder social concentrado

Não por acaso, o trabalhador é pobre ao passo que o grande capitalista é invariavelmente um ricaço, pois como notou Karl Marx capital é poder social concentrado. Isto de certa forma confere sentido à noção de que Lula apela ao discurso de ricos contra pobres ou vice-versa.

Na verdade, trata-se da velha e tradicional luta de classes, mas ao contrário do que falsa e lastimosamente a oposição direitosa alardeia não é Lula nem os partidos de esquerda que estão acirrando esta luta. É o capitalismo, ou seja, o próprio capital, cada dia mais centralizado, que exacerba a concentração de renda, a polarização social e as lutas decorrentes de suas explosivas contradições.

Maioria social

Ao tomar partido nesta luta a favor da classe trabalhadora automaticamente o presidente se coloca objetivamente na contramão dos interesses dos grandes capitalistas nacionais e estrangeiros.

Ao expor de forma firme e objetiva sua posição e suas críticas à classe dominante Lula desperta a consciência da classe trabalhadora. que constitui uma ampla maioria na sociedade brasileira.

A recuperação da popularidade é um sinal de que, apesar dos pesares, este é o caminho justo para conscientizar e mobilizar o povo brasileiro, pavimentando o caminho para desmascarar e derrotar a extrema direita e consagrar a reeleição em 2026, bem como  a melhoria da composição do Congresso Nacional.


Adilson Araújo
Presidente nacional da CTB

 

O Mundo Sindical e os cookies: nós usamos os cookies para guardar estatísticas de visitas, melhorando sua experiência de navegação.
Ao continuar navegando, você concorda com a nossa Política de Privacidade.