Artigo - Ataque do imperialismo, soberania nacional e luta popular

O Brasil atravessa um momento decisivo de sua história. A imposição pelo presidente dos EUA Donald Trump de tarifas de até 50% sobre produtos brasileiros de setores estratégicos não é um gesto isolado, mas parte de uma ofensiva do imperialismo norte-americano contra a soberania do nosso país.

Essa medida cumpre diferentes funções articuladas entre si. No plano geopolítico, procura enfraquecer os BRICS e, em particular, desgastar a aliança estratégica entre Brasil e China. No campo econômico, tem como alvo direto os setores exportadores brasileiros, ao mesmo tempo em que mira áreas estratégicas, como terras raras e minérios críticos. Do ponto de vista tecnológico, atua para limitar a capacidade do Brasil de regular as redes sociais e, além disso, ameaça o fortalecimento do Pix como um sistema de pagamentos soberano e independente. Já no terreno político, a iniciativa interfere nos assuntos internos do país, buscando blindar o ex-presidente Jair Bolsonaro de punições por seus crimes e influenciar nos rumos das eleições de 2026.

Esses ataques externos não podem ser vistos separados da situação interna. Desde o golpe de 2016, a burguesia brasileira aprofundou seu caráter antinacional, antipopular e antidemocrático. Michel Temer aprovou o teto de gastos e a reforma trabalhista; Bolsonaro entregou a Eletrobrás, atacou a Previdência e submeteu o Banco Central aos interesses do capital financeiro. O resultado foi a precarização em massa: quase 40% da classe trabalhadora vive na informalidade, submetida a jornadas intensas e à exploração das plataformas digitais.

A eleição do presidente Lula para a presidência em 2022 foi uma importante vitória política. No entanto, o governo enfrenta a pressão do grande capital e do Congresso, que expressa o programa da burguesia e busca impor seus interesses. Desde 2023, vivemos um período de crescimento econômico e queda no desemprego, mas não houve uma mudança substantiva na vida do povo, que se manifesta nas dificuldades nas pesquisas de opinião. A avaliação do governo melhorou, justamente, quando denunciou as manobras da maioria de direita do Congresso, defendeu de forma firme a taxação dos super-ricos e a soberania nacional diante dos ataques do presidente dos EUA Donald Trump.

A classe dominante brasileira não tem compromisso com a nossa soberania nem interesse em construir um projeto nacional. Sempre se associou de forma subalterna aos Estados Unidos e aceitou acordos de dependência. Só quem pode defender o Brasil a soberania nacional é a classe trabalhadora, organizada e em luta. Para isso, é necessário associar a defesa da soberania com a luta em defesa do programa da classe trabalhadora.

Assim, o Plebiscito Popular Por um Brasil Mais Justo assume um papel central, como uma metodologia de trabalho popular para consultar a população sobre a taxação dos super-ricos com a isenção do Imposto de Renda para os trabalhadores e a classe média e a redução da jornada de trabalho sem redução salarial com o fim da escala 6×1. Essas medidas podem garantir melhores condições de vida para os trabalhadores, assim como constroem as bases de um projeto soberano de desenvolvimento.

Entre 1º e 7 de setembro, será realizado em todo o país um mutirão nacional de votação do plebiscito, como ação de convocação para as manifestações de 7 de setembro. Se a extrema-direita tentou sequestrar essa data para atos golpistas, cabe agora à classe trabalhadora recuperá-la como símbolo da verdadeira independência.

No Dia da Pátria, precisamos ocupar as ruas para afirmar que a independência não é apenas uma memória de 1822, mas uma luta viva contra o imperialismo, em defesa do Brasil e dos direitos da classe trabalhadora.

O 7 de setembro pode elevar a luta de classes no Brasil, enfrentando o Congresso submisso à burguesia, exigindo a aprovação do projeto da renda e a tramitação da proposta de redução da jornada de trabalho sem redução salarial e a punição do ex-presidente Jair Bolsonaro e dos golpistas pelos crimes contra a democracia.

As eleições de 2026 estão no horizonte, mas só haverá vitória popular se o povo estiver em movimento. O desafio é mobilizar a classe trabalhadora para defender a soberania nacional por meio do plebiscito e dos atos do 7 de setembro para enfrentar o imperialismo, derrotar a extrema-direita e avançar na construção de um projeto popular para o Brasil, com a realização de mudanças estruturais.


Igor Felippe Santos
jornalista e analista político com atuação nos movimentos populares. É apresentador do podcast Três por Quatro, do Brasil de Fato

 

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