Entidades de classe e movimentos sociais realizam no próximo dia 25 de fevereiro, às 10h, em frente ao escritório do Consulado dos Estados Unidos em Belo Horizonte, um ato em defesa da liberdade do jornalista Julian Assange, criador da plataforma Wikileaks, preso há quase dez anos em Londres, acusado de revelar informações secretas do governo dos EUA. O ato vai ocorrer no mesmo dia em várias cidades do mundo. No dia 16, o Sindicato dos Jornalistas de São Paulo e o Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação fizeram ato virtual em defesa do do jornalista.
O crime que imputam a Assange é a publicação, por meio do Wikileaks, de milhares de documentos vazados do serviço de inteligência dos EUA que revelaram violações graves dos direitos humanos ocorridas nas intervenções militares e guerras do país mundo afora e em ações orquestradas para desestabilizar a democracia e derrubar governo eleitos em nações tidas como inimigas ou que fossem alvo de algum interesse econômico do governo estadunidense.
Preso em uma penitenciaria de segurança máxima em Londres, Assange tenta reverter uma sentença da Justiça britânica, dado em dezembro de 2021, que autoriza sua extradição para os Estados Unidos, onde responderá por acusações de espionagem e crimes cibernéticos que, juntas, somam 175 anos de prisão. Tudo por ter revelado documentos secretos que denunciam práticas ilegais, violentas e antidemocráticas dos EUA.
A plataforma, que usa sistemas que dificultam a identificação das fontes dos documentos, ficou conhecida mundialmente, em 2010, quando divulgou um vídeo de soldados estadunidenses executando civis no Iraque, entre eles dois jornalistas da Reuters.
Ilegal, imoral, desumano
Para a presidenta da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), Maria José Braga, o caso de Julian Assange não está sendo levado a sério como deveria. “O que estão fazendo com ele, individualmente, é ilegal, imoral e desumano. Mas o que está em questão é maior do que um caso individual”, afirma a presidenta da Fenaj, entidade que também faz parte da Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ).
Segundo ela, a causa da libertação de Assange deve ser de todos os jornalistas e defensores dos direitos humanos e da liberdade de expressão. “Se todos nós não gritarmos bem alto contra essa atrocidade, estaremos colocando todos em risco – todos os jornalistas, todos os defensores dos direitos humanos, todos os defensores das liberdades individuais e coletivas e, ao extremo, todos os defensores da vida humana e planetária”, afirma a presidente da Fenaj.
Julian Assange, de acordo com Maria José, está preso, sendo torturado psicologicamente e tendo seus direitos de detento violados. “Tudo isso porque ousou denunciar crimes cometidos por governos, por autoridades, por aqueles que acham que para eles tudo é permitido; que não importa a vida dos outros”, denuncia Maria José.