As autoridades russas prenderam, em 14 de março, a jornalista Marina Ovsyannikova, editora do canal de televisão russo Channel One, após sua aparição atrás da apresentadora, segurando uma placa que dizia “Não à guerra. Não acredite na propaganda. Eles estão mentindo para você. Russos contra a guerra”. As Federações Internacional e Europeia de Jornalistas (FIJ e EFJ) pedem sua libertação imediata.
Marina Ovsyannikova interrompeu a transmissão da noite na rede de TV estatal russa Channel One com um cartaz sobre a guerra russa contra a Ucrânia. “Pare a guerra, não à guerra!” ela gritou. Ovsyannikova foi prontamente presa. As autoridades dizem que ela enfrentará acusações de contravenção por violar a nova proibição da Rússia à chamada “desinformação” sobre as operações do exército russo.
A lei, aprovada pela Duma no início de março, aumenta as penalidades por espalhar suposta desinformação sobre as forças armadas russas e levou ao fechamento ou suspensão de dezenas de meios de comunicação independentes na Rússia.
Em uma mensagem pré-gravada compartilhada nas mídias sociais após o incidente na televisão ao vivo, Ovsyannikova condenou a “agressão russa à Ucrânia” e lamentou seu trabalho promovendo a “propaganda de Putin” no Channel One.
De acordo com seu advogado, ela pode pegar até 15 anos de prisão.
“Espero que minha cliente, Marina Ovsyannikova, enfrente não uma acusação administrativa, mas uma criminal sob a nova lei, que prevê uma pena de até 15 anos de prisão”, disse o advogado Daniil Berman à AFP.
Em 15 de março, o presidente francês Emmanuel Macron disse que discutiria com o presidente russo, Vladimir Putin, a oferta de proteção para Ovsyannikova. Ele também disse que a França lançará esforços diplomáticos para oferecer a ela “proteção na embaixada, mas também proteção por meio de asilo”.
O secretário-geral da FIJ, Anthony Bellanger, disse: “Nos solidarizamos com a jornalista russa Marina Ovsyannikova, vítima da recente lei de mídia abusiva aprovada na Rússia. Apelamos às autoridades russas para que a libertem imediatamente e congratulamo-nos com os esforços internacionais para garantir a sua libertação”.