Após cinco anos sem reajuste salarial, servidores e servidoras do INSS estão em greve a partir desta quarta-feira (23). A principal reivindicação da categoria é a reposição de 19,99% nos salários. Os trabalhadores também pedem o arquivamento da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32, da reforma Administrativa, encaminhada ao Congresso Nacional pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que pode acabar com o serviço público.
A diretora da Federação Nacional dos Sindicatos de Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social (FENASPS), Lídia de Jesus, explica que a única forma de tentar fazer com que o governo Federal os escute é com a greve. Segundo a dirigente sindical, desde antes da pandemia, ainda em 2019, a categoria tem enviado propostas para serem negociadas, mas, o governo Bolsonaro se mostrou desinteressado e não respondeu às pautas. “Já foram tentativas de negociações, antes mesmo da pandemia, e não tivemos respostas. Nós só queremos a reposição das perdas, mas recusam receber os trabalhadores para conversar”, explicou ela à repórter Larissa Bohrer, da Rádio Brasil Atual.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores do Seguro Social e Previdência Social no Estado de São Paulo (Sinssp), Pedro Totti, avalia que a greve será tanto para os trabalhadores presenciais como para os que estão em home office, já que atualmente a maior parte dos servidores trabalha em casa, proporcionando um enorme ‘apagão’ entre os meios virtuais.
Totti comenta que além do reajuste outras questões estão entre as reivindicações como: a profissionalização da Carreira do Seguro Social, abertura de concurso público para tentar sanar a defasagem de servidores e melhores condições de trabalho. “Estamos fazendo a ‘operação apagão’ no INSS, porque a maioria dos servidores está trabalhando de forma remota e estamos orientando a não acessarem o sistema, como forma de protesto. As nossas reivindicações são para reajuste salarial, melhores condições de trabalho e a contratação de mais trabalhadores para melhorar o atendimento”, acrescentou.
Greve no INSS
O apagão do INSS começou nesta quarta-feira e não tem dia para terminar. A diretora da Secretaria de Administração da Federação, Lídia de Jesus, conta que as greves só acontecem quando não se tem mais alternativas e que as paralisações atingem principalmente a população. Por isso, além de uma vigília permanente na frente do Ministério da Economia para tentar sensibilizar o governo a negociar com a categoria o mais rápido possível, a federação orientou os estados a fazerem uma carta à população explicando os motivos da greve.
“Ninguém faz greve porque quer, é uma necessidade quando não se tem mais alternativa. Estamos acampados em Brasília para tentar sensibilizar o governo. Sabemos que essa paralisação prejudica a população, mas queremos mostrar que essa greve é em defesa do serviço público”, disse Lídia.
De acordo com Pedro Totti, na próxima sexta-feira (25), as entidades sindicais da categoria se encontrarão com o ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni. E no 1º de abril, está marcada outra rodada de negociações. Totti afirma que a greve permanecerá enquanto não houver uma resposta concreta por parte do governo. “Nós vamos ter uma audiência com o Onyx para discutir essa pauta. Estamos agendando uma nova reunião também para abril, mas se grandes expectativas. Vamos continuar com o movimento, caso não sejamos atendidos”, finalizou.