A agente de endemias que, por mais de 15 anos ajudou a afastar a população dos perigos de doenças, como dengue, chikungunya, zika, raiva, não recebeu de volta o cuidado, valorização e respeito pela atual gestão PSDB/MDB.
Seu salário despencou assim que se aposentou, devido à perda dos subsídios. De aproximadamente R$ 3.200 caiu para R$ 1.316 (bruto) ou R$ 790,15 (líquido) -- corrigido pelo novo salário mínimo, hoje está em R$ 849,83. Além da dívida do Fies, entrou nos empréstimos consignados, para se alimentar, pagar o aluguel e até ajudar a aliviar necessidades importantes dos filhos e netos. Em outubro de 2021, o holerite passou a vir zerado. Nesse período, já havia deixado de fazer as refeições, vendeu o fogão e tentava a sorte como corretora de imóveis. Com o pouco que conseguia, pagava o aluguel sem atraso, no valor R$ 1.120.
Neste mês de abril, Adelena, que é formada em Direito e está concluindo uma pós-graduação em Alfabetização e Letramento por EAD, foi obrigada a entregar o apartamento onde morava de aluguel, postergar o sonho de alfabetizar pessoas que não puderam aprender a ler e escrever na idade regular, e vai voltar para Minas Gerais com o filho caçula.
“Eu consegui me controlar até dezembro, com o pouco que conseguia trabalhando e ajuda de amigos. O aluguel de janeiro consegui pagar somente em fevereiro e no final do mês de fevereiro, o proprietário pediu que eu pagasse o mês ou desocupasse o imóvel. Liguei para o meu filho, que mora em Contagem, e ele está me ajudando a fazer a mudança. Isso é o resultado da aprovação do Sampaprev. Mudou toda a minha vida, a minha história; uma pá de cal”, diz contrariada.
A mineira, além de triste e cinco quilos mais magra, se considera hoje uma desempregada e desterrada, após 33 anos de vida construída em São Paulo. “Recebi muita ajuda para poder me alimentar. As pessoas desconfiavam que eu não estava almoçando e me convidavam para almoçar, mas o que me deixou triste mesmo é que nesse tempo todo vivendo aqui na cidade, nunca me pediram a casa por falta de pagamento”, chora a servidora, que também se indigna pelo erro das pessoas ao eleger “gente que não está nem aí com servidores e o serviço público”, e pela luta contra o Sampaprev 2, da qual fez parte para impedir a tragédia. “Tudo que pudemos fazer a gente fez”.
Para evitar esse desfecho, Adelena trabalhou, se mobilizou na luta contra o PLO 7/21 e até deixou de comer para honrar seus compromissos, mas não foi suficiente.
“A maioria [dos servidores] aposentada é com um salário mínimo, então vocês não têm condição de mensurar o que estamos passando. Temos empréstimos porque nosso salário está baixo há muitos anos e acabamos tendo que contrair esses empréstimos. Vocês não fazem ideia do mal que estão causando pra gente por conta dessa insanidade”, chora desesperada no recado mandado para prefeito e vereadores responsáveis pela aprovação da Emenda 41. E sugere: “por que não tiram [o déficit] dos salários deles, elevados em mais de 40 e tantos por cento, que o Covas disse que estavam defasados? Imagine o da gente, que depois de 2016 nunca mais tivemos aumento!”.
Saldo negativo que se tornou uma bola de neve, entre o ano passado e este ano.
Apesar da tristeza, ela não se apieda e nem pretende que as pessoas nutram esse sentimento. Pretende mesmo é gerar "reflexão na hora de votar em que nos representa". Ela conta que o aluguel será mais em conta na cidade mineira do que na capital, mas não se acomoda, já está vendo processos seletivos para recomeçar a vida depois dos 60 anos, graças à necropolítica imposta aos servidores públicos da ativa e aposentados pela gestão PSDB/MDB em São Paulo.
28/4 NOVO ATO EM FRENTE À PREFEITURA
No próximo dia 28 de abril, 14h, o Sindsep realizará junto com Forum de Entidades novo ato da campanha salarial unificada.
Reivindicamos 46% de reajuste salarial para recuperar perdas da inflação. Se há recursos para o prefeito aumentar seu próprio salário e de seus secretários, os servidores públicos municipais que estão há 20 anos sem reajuste devem ter aumento.
O orçamento da cidade este ano será um dos maiores, pois teve um crescimento de 22%, em meio à inflação que não para de crescer, a guerra na Ucrânia, que só impacta os povos que estão no meio desse fogo cruzado e nosso povo brasileiro, que só tem "ganhado" mais aumentos nos preços do supermercado, dos remédios e do que é básico para sobreviver.
Para piorar, o prefeito confisca 14% dos salários dos servidores aposentados que ganham pouco mais de um mínimo (Sampaprev). Chega! É preciso revogar esse confisco!
No ato do dia 28 de abril, 14h, vamos lotar a frente da Prefeitura de São Paulo, no Viaduto do Chá, para exigir nosso direito à reposição salarial e a revogação do Sampaprev.