Notícia - CUT nos Bairros leva entretenimento e diálogo até Sapopemba

O bairro Sapopemba, na zona leste de São Paulo, recebeu no domingo (29) o projeto ‘CUT nos Bairros’, uma ação sindical que percorre regiões de SP com recreação, apresentações artísticas, serviços e toda uma programação cultural voltada à classe trabalhadora.

A atividade é gratuita e pensada nas famílias que moram em regiões periféricas e possuem pouco acesso a equipamentos culturais. Representa também uma oportunidade de dialogar sobre a realidade do povo brasileiro.

“A população não aguenta o alto preço do gás, dos alimentos e o desemprego, situações agravadas com a pandemia que trouxe de volta a fome e a miséria. A culpa é do governo liderado por esse presidente da República que não cuida de seu povo. Levamos a Sapopemba o projeto CUT nos Bairros para dialogar com a comunidade sobre o nosso calendário de lutas contra a fome e mostrar que há esperança”, disse o presidente da CUT-SP, Douglas Izzo.

Durante as atividades, os dirigentes sindicais comentaram ainda sobre a preocupação com relação à atuação dos poderes públicos nas regiões mais afastadas da cidade.

“Nossa luta é devolver à população dignidade e esperança e isso passa pela tarefa de levar informação a todos os cantos da cidade. O projeto CUT nos Bairros tem esta missão, ajudar as pessoas a entenderem como a situação se agravou pelas mãos dos governos federal e estadual que retiram direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras, não se importando com as necessidades e com os direitos sociais”, apontou o vice-presidente da CUT-SP, Luiz Claudio Marcolino.

A voz da comunidade

Durante as atividades, a presidenta da Associação Assistencial Planura, Zezé Moreira, comentou sobre as ausências de atuação governamental na zona leste.

“Na saúde, faltam muitos médicos e medicamentos na UBS. No transporte, além da superlotação, temos uma linha de ônibus que vai do Jardim Planalto até Santo André e, quando chega no final de semana, o itinerário é mudado, o que prejudica os moradores. São muitas as demandas na periferia e precisamos estar organizados para lutar pelos nossos direitos.”.

Também referência na região, José Inácio da Silva, mais conhecido pelo apelido de Zé Moleque, presidente da Associação José Milton da Silva, organização que faz uma homenagem ao nome de seu irmão já falecido, reconheceu a importância do projeto ‘CUT nos Bairros’ e avaliou o que precisa melhorar em Sapopemba.

“Temos falta de creche e de equipamentos de cultura, brinquedos de praça, quadra de futebol. Falta lazer para a população! Essa parte é muito precária e o poder público não corresponde às nossas necessidades.”.

A presidenta da Associação das Mulheres Jardim Ivone Vida Nova, Maria Gilda, fez coro à fala de Zé Moleque, acrescentando ainda quais são seus anseios.

"Meu sonho é ajudar meu povo, minha gente aqui. Em nossa associação, a gente arrecada roupa, cesta básica e itens de higiene para ajudar as famílias da região. Temos muita gente desempregada, as crianças precisando de roupas, de calçados, de tudo um pouco”, finalizou a líder comunitária.

Morar em Sapopemba

Com uma população de 289.759 mil moradores e moradoras, Sapopemba está entre os bairros que sofrem com a desigualdade na cidade de São Paulo.

Pesquisa da Rede Nossa São Paulo de 2021 mostra que de cada 10 moradores de Sapopemba, apenas 1 possui emprego formal no bairro. Ou seja, praticamente todos os trabalhadores precisam se deslocar pela cidade para garantir um mínimo de renda e sobrevivência no final do mês.

A falta de infraestrutura e o acesso refletem no tempo de vida da população, segundo o estudo. Enquanto em bairros nobres, como Alto de Pinheiros e Itaim Bibi, os moradores vivem numa média de 80 anos, na periferia isso muda completamente. Em Sapopemba, a expectativa de vida é de 65 anos.

No período mais crítico da pandemia do novo coronavírus, isso ficou bem refletido. Sapopemba foi um dos locais com mais mortes por covid-19: 22,7% do total de óbitos registrados no distrito, ficando atrás somente do Parque do Carmo, que teve 23,4%.

Na cultura, a região possui 1,4% de equipamento público de cultura para cada 100 mil habitantes, não tendo museus e somente 0,4% dos teatros da cidade.


Fonte:  Rafael Silva e Vanessa Ramos - CUT São Paulo / Foto: Dino Santos - CUT-SP - 31/05/2022

 

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