Notícia - Na China, entregadores conseguem melhores condições de trabalho e mostra que é possível melhorar

O mundo do trabalho foi chacoalhado após o surgimento dos aplicativos de motoristas e entregas. Se tornaram um rendimento extra para alguns e para a grande massa de desempregados a principal renda para as famílias.

Em 4 de março, o governo federal apresentou o Projeto de Lei Complementar para regular o trabalho dos motoristas e que está gerando muita discussão. Alguns acreditam que o texto é ruim e só favorece as empresas e outros defendem que é a forma de dar uma proteção mínima para os trabalhadores.

Com tanta discussão, um brasileiro, que nasceu na Bahia, chamado Rhuan, professor de mandarim e hoje estudante na China, lá chamado de Guhan.

Ele fez alguns comentários sobre como é o trabalho dos entregadores no gigante asiático para mostrar que é possível dar condições aos trabalhadores.

“Não acho que na China as condições sejam perfeitas, mas diferentemente do que alega o iFood, o Brasil pode melhorar muito as condições do trabalhador, com base nas condições praticadas no país”, disse Guhan.

Na China, existem duas empresas de entregas, Meituan e Ele.me, algumas empresas, como o KFC, tem entregadores próprios.

Segundo Guhan, a maioria dos entregadores “não tem ensino superior, muitos nem completaram o ensino médio.”

Guhan comenta a sua experiência durante um ano morando lá.

“Depois de um ano morando em Hangzhou, eu nunca encontrei alguém usando bicicleta para realizar entregas. Todos eles utilizam uma moto elétrica que é, em geral limitada a até 50 km/h. Essas motos novas custam de 1200 a 4500 reais (já convertidos). E isso é mais barato do que parece, pois, é um 1/5 do que um entregador consegue tirar por mês na China. Ele também consegue seguro acidente/plano de saúde pagando algo em torno de 350 reais por ano! A empresa também oferece equipamentos de segurança por preço bem acessível.”

Este relato mostra que é possível dar melhores condições para os trabalhadores, têm questões que são pertinentes a China, como o valor da moto elétrica, aqui será bem alto o valor, e lá é fabricada na própria China, o que barateia o custo.

Mas qual o ganho do entregador na China? Com informações que o Guhan conseguiu em redes sociais e também em conversas com entregadores, chegou-se a conclusão que um entregador lá pode faturar entre 8 a 15 mil RMB por mês, isso em reais fica entre R$ 5,5 mil a R$ 10,4 mil.

Guhan lembra que o custo de vida na China é baixo, pois tudo é fabricado lá, então, bens de consumo duráveis são mais baratos, assim como roupas, eletrodomésticos.

“Morando aqui posso afirmar que se vive melhor com 8 mil RMB na China que com 9 mil reais no Brasil, principalmente se colocar na conta aspectos sociais como transporte público, educação, índice de violência… mas pra faturar isso o entregador precisa trabalhar muito. A pessoa recebe de acordo com as entregas, e eu vi uma estudante que trabalhava umas 4 horas por dia e fez 1500 RMB no fim do mês”, escreveu Guhan.

Mas lá, para conseguir ter um bom rendimento, o entregador precisa trabalhar entre 12 e 13 horas diárias. Com esta jornada eles podem ter rendimentos de até 17 mil RMB, com 40 a 70 entrega em um dia.

Na China também existe o debate sobre o vínculo empregatício entre entregadores e plataformas. “É importante frisar que na China ainda existe o debate sobre entregadores e a plataforma terem ou não vínculo empregatício. Essa disputa é no mundo todo, mas o que mais importa são os trabalhadores terem melhores condições de trabalho”, explicou Guhan.

A discussão sobre os trabalhadores em aplicativos está ocorrendo em todo mundo e é necessário.



Fonte:  Redação Mundo Sindical - Manoel Paulo - 21/03/2024

 

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