O Ministério Público do Trabalho (MPT) em São Paulo realizou na terça-feira (28/05) um debate sobre sindicalismo, trabalho formal e informal e os motivos do baixo número de sindicalização de jovens trabalhadores.
O evento “Diálogo Social: Sindicalismo e Juventude”, foi realizado na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC), no auditório Dom Paulo Evaristo Arns, e foi promovido pela Coordenadoria de Promoção da Liberdade Sindical e do Diálogo Social (Conalis) do MPT
A Atividade faz parte das ações da campanha "Maio Lilás", que neste ano tem como foco a importância da contribuição de jovens em atividades sindicais, com o slogan “Dê um play nos seus direitos”.
A abertura do evento foi realizada pela presidente do Centro Acadêmico da PUC, Ana Julia Thomaz Carmona, e pela procuradora regional do Trabalho e titular da Conalis, Vivian Brito Mattos: “o evento faz parte do escopo do projeto estratégico do MPT, “Sindicalismo e Juventude”, cujo objetivo é abrir e ampliar espaço e diálogo social, aproximando dois atores sociais, que são a juventude trabalhadora e o movimento sindical. Porque, se os jovens não têm voz, não são ouvidos e acompanhados. A falta de representatividade dos jovens nos sindicatos pode resultar em perdas nas negociações coletivas e contribuir para a precarização dos direitos laborais. E o sindicato, por sua vez, quando não se aproxima da juventude, deixa de conhecer a realidade daquele momento, daquele jovem”, ressaltou a procuradora.
Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a taxa de filiados em sindicatos com idade entre 16 e 29 anos caiu de 3 milhões para 1,3 milhão entre 2012 e 2022, o que representa queda de 55%.
Para o gerente do projeto no MPT em São Paulo, procurador Bernardo Leôncio Moura Coelho, a taxa de sindicalização entre os jovens é de cerca de 5%, enquanto a média geral é de 9%. “Queremos fazer um diagnóstico mais completo do problema e propor soluções para aumentar a sindicalização, especialmente entre aqueles que ingressaram há pouco tempo no mercado de trabalho”, explicou o procurador.
Também participaram da mesa de abertura os representantes da juventude da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da União Geral do Trabalhadores (UGT) e Intersindical (Central da Classe Trabalhadora)
O primeiro painel, que contou com uma análise feita pelo professor Ruy Braga, chefe do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP, teve mediação do secretário nacional da Juventude da CSB.
De acordo com o professor, a queda na taxa de sindicalização é causada em grande parte pelo crescimento da informalidade e a mudança social que esse tipo de trabalho causa. “Atualmente, a porta de entrada do jovem no mercado de trabalho é principalmente o serviço de entrega por aplicativo, uma atividade totalmente informal, sem proteção social e sem representação sindical.”
Após a fala de Ruy, a advogada e professora da PUC, Lucineia Rosa dos Santos também fez explanações sobre os desafios para superar a precarização das relações de trabalho: “Os desafios que se apresentam acabam excluindo e colocando os jovens, cada vez mais, às margens da sociedade. Deveríamos observar as experiências dos países africanos, que são bem-sucedidos neste tema”.
Em seguida, com mediação de representante da CTB – Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil, a professora Lucimara Malaquias discutiu as barreiras estruturais e culturais que afastam a juventude da sindicalização. Ela destacou como as novas formas de trabalho e a falta de identificação com os métodos tradicionais de sindicalismo contribuem para essa distância, propondo estratégias para superar esses obstáculos.
Após os debates, representantes das centrais sindicais comentaram os aspectos apresentados pelos painelistas, oferecendo as perspectivas de suas respectivas entidades.
O Diretor de Comunicação da Pública SP, Adeildo Vila Nova, destacou o protagonismo dos jovens em espaços sociais e não sindicais. “Nós, sindicatos, associações, temos muito a aprender com os movimentos sociais e coletivos organizados. Se de um lado a gente vê pouca representatividade nos sindicatos, de outro lado, a gente vê uma extrema participação dessa juventude nesses espaços coletivos, talvez pela forma de organização desses movimentos, mas devemos olhar mais profundamente para isso e de alguma forma, aprender com esses movimentos”, sugeriu.
O debate contou ainda com a participação da vice-coordenadora nacional da Conalis, Priscila Moreto de Paula e de representantes da juventude da Força Sindical, da Nova Central Sindical de Trabalhadores, e do DIEESE.
Veja aqui as fotos do evento.