Notícia - Sindicato notifica Fiesp sobre rejeição de proposta e aguarda nova negociação

O Sindicato notificou a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) sobre a rejeição dos trabalhadores da Embraer e de outras fábricas do setor aeronáutico à proposta patronal de convenção coletiva com retirada de direitos. A notificação extrajudicial foi protocolada junto à federação nesta sexta-feira (27). No documento, o Sindicato reivindica nova negociação com os empresários.

Metalúrgicos das três unidades da Embraer (Faria Lima, Eugênio de Melo e Eleb), em São José dos Campos, rejeitaram a proposta dos patrões em assembleias realizadas entre terça (24) e quinta-feira (26). Democraticamente, a maioria rejeitou a retirada de direitos sugerida pela representante da fabricante de aviões, nas negociações da Campanha Salarial.

Trabalhadores da Latecoere, em Jacareí, e da Sonaca e Aernnova, em São José dos Campos, também foram contrários à proposta da Fiesp, em assembleias realizadas na segunda (23) e nesta sexta-feira (27).

A Fiesp, por meio da Embraer e demais fábricas do setor, novamente, quer alterar a cláusula social de estabilidade para operários com doença ocupacional e vítimas de acidente no trabalho. Os patrões tentam acabar com a garantia de emprego até a aposentadoria para esses trabalhadores e oferecem apenas 21 meses de estabilidade a trabalhadores com doença ocupacional e 60 meses a vítimas de acidentes de trabalho.

Tal proposta é desumana e desproporcional ao porte dessas companhias, visto que até em pequenas empresas, como oficinas de carros, a cláusula de proteção a trabalhadores com doença ocupacional e ou acidentados está vigente.

Apesar de não aceitar retrocesso em relação a esse direito histórico da categoria, o Sindicato levou a discussão para as assembleias. De maneira democrática, ampla maioria dos metalúrgicos disse não ao proposto pela Fiesp e Embraer.

A última convenção coletiva do setor aeronáutico foi assinada em 2017. Desde então, os patrões tentam mudar essa cláusula. Nos últimos anos, esses ataques vêm sempre sendo rejeitados pelos trabalhadores em assembleia, mesmo com a insistência das empresas.

 

Luta por reajuste maior

A Fiesp propôs 5% de reajuste salarial, o que também foi rejeitado pelos trabalhadores da Embraer, Eleb, Latecoere, Sonaca e Aernnova. Isso ocorreu porque os operários do setor não recebem aumento real há cerca de dez anos. 

O percentual oferecido corresponde à reposição da inflação calculada pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) dos últimos 12 meses (3,71%) mais apenas 1,29% de aumento real, índice que não acompanha as perdas salariais da última década e não condiz com a realidade econômica das empresas do setor. A Embraer, por exemplo, é uma das empresas mais valorizadas na Bolsa de Valores, com ações em alta. 

Os trabalhadores da fabricante de aviões, além disso, lutam por vale-compras de R$ 800, visto que, hoje, a Embraer paga somente R$ 400.

 

Cobrança ao governo federal

Em carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quarta-feira (25), os sindicatos dos metalúrgicos de São José dos Campos e Araraquara denunciam a postura antissindical da Embraer e os ataques da empresa a direitos históricos da categoria. 

As entidades reivindicam, com urgência, o agendamento de reunião com representantes do governo e do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), já que a Embraer frequentemente recebe financiamentos estatais. 

“Lula, que visitou a Embraer duas vezes este ano, não pode ser cúmplice dessa política que desrespeita os sindicatos e, muito menos, aceitar rebaixar as condições de trabalho. Exigimos um posicionamento”, afirma o diretor do Sindicato Herbert Claros.

 

Acordos fechados

As negociações diretas entre o Sindicato e outras fábricas do setor aeronáutico, em São José dos Campos, resultaram em conquistas para os trabalhadores.

Sem o intermédio da Fiesp, na Magnaghi e Mirage, por exemplo, os metalúrgicos conseguiram a renovação de todos os direitos por dois anos. Ambas as empresas são fornecedoras da Embraer.


Fonte:  Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos / Foto: Roosevelt Cássio - 30/09/2024


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