Nos primeiros dias de novembro, a CNM/CUT concluiu uma série de agendas de integração e solidariedade internacional reforçando o papel da entidade como impulsionadora da agenda industrial no país junto aos mais diferentes atores da sociedade.
O secretário de Relações Internacionais da entidade, Maicon Michel Vasconcellos, esteve em Brasília com sindicalistas da América Latina e representantes dos ministérios do Trabalho e Emprego (MTE) e do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) para elaborar um plano de desenvolvimento na integração das cadeias produtivas internacionais entre os países latino-americanos de forma autônoma e soberana.
Maicon contou que o diálogo do grupo no MDIC abordou a questão do acordo Mercosul e União Europeia, no qual todos os sindicatos apresentaram suas preocupações. “O acordo reedita a relação colonial centro e periferia, onde os países centrais do mundo capitalista vendem produtos acabados para os países da periferia do capitalismo, utilizando as matérias-primas desses países periféricos. É uma relação que existe, particularmente falando do Brasil, há 524 anos, no mínimo, e a gente não pode mais aceitar isso”.
A China também foi pauta do encontro. “Temos que avançar e aproveitar as possibilidades que o país asiático nos dá como parceiros e não reproduzir a relação neocolonial que temos, até o momento, com a União Europeia e com os Estados Unidos. O desafio é fornecer sem reprimarizar nossa economia. Pelo contrário, queremos também fornecer bens e produtos com valor agregado”, pontuou Maicon.
O dirigente destacou que, além do governo brasileiro atender prontamente a pauta dos sindicalistas, foram debatidos ainda perspectivas da integração produtiva principalmente no setor aeroespacial, nuclear, automotivo e naval.
Junto a Maicon, esteve também o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Moisés Selerges. Na comitiva de sindicalistas do setor da indústria da América Latina estavam o secretário-geral de Constramet do Chile, Horacio Fuentes; o secretário-geral da Federação dos Trabalhadores da Indústria da Argentina, Pedro Wasiejko; e a secretária-geral adjunta da Confederação dos Sindicatos da Indústria da Argentina e vice-presidente da IndustriALL Global União para América Latina e Caribe, María Soledad Calle.
CNM na luta internacional
O presidente da Confederação, Loricardo de Oliveira, esteve presente em São Paulo na reunião das afiliadas da IndustriALL Global Union na América Latina com o secretário-geral da entidade, Atle Høie e disse que foi importante para falar da importância da democracia, da IndustriALL no contexto da reconstrução da indústria, e da solidariedade na América Latina, principalmente no respeito às questões regionais quando a entidade mundial observa o restante do planeta. A IndustriALL Global Union representa mais de 50 milhões de trabalhadores em 140 países nos setores de mineração, energia e manufatura.
“Tem que haver o respeito às questões regionais, inclusive olhando os escritórios como aqui na América Latina, que possam ter as suas políticas locais construídas a partir da realidade local, com a experiência das regiões do norte do mundo, e construindo nas transnacionais os grupos de trabalhadores que possam fazer acordos coletivos importantes que regrem o trabalho a partir das organizações sindicais. Também foi falado da importância da sindicalização e da relevância que tem esse intercâmbio internacional, mas que não pode ser só uma questão apenas de ouvidoria, mas tem que ser na prática, essa prática de construção da indústria e dos direitos dos trabalhadores da representação sindical”, enfatizou o presidente da CNM/CUT.
Além de Loricardo, o secretário geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida (Renatinho), a secretária de Formação, Maria do Amparo Travassos Ramos, e a secretária de Políticas Sociais, Kelly Galhardo, também estiveram em São Paulo no seminário para a construção de uma visão e estratégia sindical para a disputa de uma política industrial regional na América Latina e no Caribe.
Finalizando a agenda, Maria do Amparo representou a Confederação em São Paulo na Reunião do Comitê Executivo Regional da IndustriALL Global Union para a América Latina e Caribe.
CNM na IndustriALL
Loricardo disse também que a Confederação se posicionou para que na próxima gestão da IndustriALL Global Union a entidade cutista esteja presente no comitê executivo. No passado, a entidade internacional teve o metalúrgico Valter Sanches, ex-dirigente da CNM/CUT, como secretário-geral. “Nós sabemos do tamanho e da importância que a CNM/CUT tem na IndustriALL e nós queremos ter a Confederação na executiva da entidade no próximo mandato. Esse é um pleito que nós estamos fazendo enquanto metalúrgicos e metalúrgicas do Brasil da CUT”.
A secretária de Formação da CNM/CUT, Maria do Amparo Travassos Ramos, teve a oportunidade de aprofundar discussões sobre temas políticos de relevância para a classe trabalhadora, com foco nas necessidades e desafios específicos do continente latino-americano e caribenho. Além disso, a dirigente tomou conhecimento da pauta da IndustriALL Global Union para o próximo Conselho Executivo Global, a ser realizado em dezembro.
“O congresso da IndustriALL ocorrerá entre os dias 5 a 7 de novembro de 2025, em Sydney, na Austrália. A preparação dessa pauta é fundamental para alinharmos estratégias e propostas que representam os interesses dos trabalhadores em um cenário global. Esses encontros reafirmam o compromisso da nossa Confederação com o fortalecimento das políticas sindicais e o engajamento dos trabalhadores nos processos de decisão que impactam nossas vidas e direitos. Estamos, juntos, construindo caminhos para uma representação mais forte e eficaz em todas as esferas.", contou Amparo.