Cleide Silva Pereira leva a voz de seis milhões de trabalhadoras domésticas brasileiras ao G20 Social com uma mensagem clara: o mundo não funciona sem elas. Em entrevista ao Portal do MDS, a secretária de atas da Federação Nacional de Trabalhadoras Domésticas (Fenatrad) falou sobre a representatividade da categoria, a importância da Política Nacional de Cuidados e os desafios enfrentados pelas trabalhadoras domésticas no Brasil.
Ela também celebra as conquistas históricas da categoria, antes invisibilizada, e destaca o papel fundamental das trabalhadoras domésticas na economia do país. “É muito gratificante representar as trabalhadoras domésticas aqui no G20, um espaço que antes não tínhamos acesso”, afirmou.
A presença da Fenatrad no G20 marca o reconhecimento da categoria, que no passado sequer era considerada trabalhadora. “Agora, podemos mostrar nossa força e valor”, disse Cleide, destacando a participação da Federação na construção da Política Nacional do Cuidado.
“Nossa categoria é a que mais se dedica ao cuidado, cuidando da casa, da família dos outros e da nossa própria família. Por isso, era fundamental participarmos da luta pelas cuidadoras”, explicou.
Confira a entrevista completa abaixo:
O que representa para as trabalhadoras domésticas estarem presentes no G20?
É muito gratificante representar mais de seis milhões de trabalhadoras domésticas aqui no G20, um espaço que antes não tínhamos acesso. A Fenatrad possibilitou nossa participação e o reconhecimento da nossa classe, que antes nem era considerada trabalhadora. Agora, podemos mostrar nossa força e valor.
Como a Fenatrad contribuiu para a construção da Política Nacional de Cuidados?
Participamos da construção da política para cuidadoras junto com o governo desde o início, quando a Fenatrad entregou o plano de luta ao presidente Lula durante a campanha. Nossa categoria é a que mais se dedica ao cuidado, cuidando da casa, da família dos outros e da nossa própria família. Por isso, era fundamental participarmos do plano de luta para cuidadores.
O que representa a aprovação do projeto de lei que cria a Política Nacional de Cuidados na Câmara dos Deputados?
A aprovação da Política Nacional do Cuidado é o começo de uma vitória. Agora, precisamos continuar trabalhando e expandindo essa conquista, pois ainda há etapas a serem vencidas. Estamos torcendo e colaborando com o governo para que tudo dê certo e consigamos o cuidado remunerado e não remunerado. O Brasil está sendo um exemplo para o mundo, estando à frente nessa área.
Quais as maiores dificuldades enfrentadas e os avanços conquistados pelas trabalhadoras domésticas ao longo dos anos?
Lutamos há quase um século. Antes, não tínhamos nenhum direito. Éramos tratadas como se trabalhar fosse uma obrigação. Foi um trabalho de formiguinha: sempre reivindicando nossos direitos e conquistando um de cada vez.
Na luta de mulheres guerreiras como Laudelina, a primeira, e Creuza, pioneira, que esteve presente em nossas maiores conquistas, e Jane, gosto de falar dessas mulheres porque foram guerreiras, para que hoje estejamos quase com a equiparação de direitos, quase conseguindo ser trabalhadoras como qualquer outra categoria. Essa é uma vitória muito grande.
O que você espera para o futuro das trabalhadoras domésticas?
Espero que no futuro todas as trabalhadoras domésticas tenham seu trabalho reconhecido. Antes, existia um mito de que não gerávamos lucro nem contribuíamos para a economia do país. Provamos que o mundo não funciona sem as trabalhadoras domésticas.
Para que as pessoas saiam de casa para trabalhar, é preciso que haja uma trabalhadora doméstica cuidando de suas casas e famílias. É reconhecido que o lugar de mulher é onde ela quiser. Não devemos ter vergonha de ser trabalhadora doméstica, pois é um trabalho digno como qualquer outro.
Assessoria de Comunicação – MDS
Transcrição de matéria publicada em Gov.br.