Um estudo elaborado pelo Dieese aponta que cidades paulistas com sindicatos da base da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP) estão entre as principais do Brasil em número de empregos na indústria de transformação.
De acordo com o Dieese, no período de 2002 a 2021, 86 cidades apresentaram saldo positivo, com números elevados na geração de emprego na indústria de transformação. Na base da FEM-CUT/SP, o destaque foi Sorocaba, que ocupava a 16ª posição, em 2002, e saltou para a 10ª, em 2021. O Dieese aponta que a chegada da montadora japonesa Toyota na cidade, em 2012, foi responsável pelo destaque positivo no ranking.
Na cidade, a indústria de transformação concentra 26% do total de postos de trabalho, com 58.121 empregos. Os dados apontam que a massa salarial ultrapassa R$ 248 milhões mensalmente e a remuneração média é de R$ 4,9 mil.
Outro destaque do estudo fica para o Grande ABC, que concentra 190 mil postos de trabalho industriais e ocupa o segundo lugar em número de empregos do Brasil, atrás apenas de São Paulo. A região conta com sete municípios: São Bernardo do Campo, Diadema, Santo André, Mauá, São Caetano do Sul, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra.
Se considerar cada município do Grande ABC, São Bernardo do Campo é o mais bem colocado, ocupando a 7ª posição no ranking das 100 cidades com mais empregos no setor. Por lá, são mais de 73,7 mil trabalhadores, que correspondem a 26,10% dos postos de trabalho locais. A média salarial é de R$ 9.408,27, o que garante uma massa salarial de R$ 693 milhões por mês.
Itaquaquecetuba (58ª), São Carlos (59ª), Araraquara (73ª), Taubaté (75ª), Itu (79ª) e Bauru (90ª), locais com representação sindical da FEM-CUT/SP, também aparecem na lista. Limeira, que tem oposição metalúrgica com dirigente da FEM-CUT/SP, ocupa a 24ª.
De acordo com o levantamento realizado pelo Dieese, que levou em consideração dados da RAIS de 2022, as 100 cidades que mais empregaram na indústria de transformação foram responsáveis por 41% (3,3 milhões) do emprego industrial no país.
Veja o estudo completo (acesse aqui).
Importância
O presidente da FEM-CUT/SP, Erick Silva, lembra que o Brasil teve um importante processo de industrialização a partir de 2002, com programas e investimentos que geraram milhões de empregos. Ele salienta, no entanto, que, a partir de 2013, o país enfrentou grandes retrocessos com o golpe sofrido por Dilma e os governos de Michel Temer e Jair Bolsonaro, além da pandemia da Covid19.
“Vimos o potencial do Brasil e também vimos que políticos errados podem acabar com isso. Felizmente, estamos novamente na era dos programas e investimentos, com a preocupação de tornar o país competitivo. Isso gera como resultado emprego e renda para nosso povo. Os dados apresentados pelo Dieese são muito importantes”.
De acordo com Dieese, a Nova Indústria Brasil, proposta do governo federal para a reindustrialização, prevê investimentos de mais de R$ 300 bilhões. O estudo destaca que “o movimento sindical contribuiu para uma proposta em que a reindustrialização não é um fim, mas um meio para que o país possa alcançar o desenvolvimento social amplo, com o Estado coordenando as ações, sempre a fim de tentar superar os problemas econômicos e sociais do Brasil. Essa concepção representa importante avanço em relação às políticas industriais anteriores 21, que focavam em setores específicos”.
Para Max Pinho, secretário-geral da FEM-CUT/SP, o Brasil está no caminho certo.
“O trabalho da Federação e dos sindicatos filiados são fundamentais para os resultados apresentados pelo Dieese. Temos muito para comemorar, mas muito mais para lutar. O crescimento econômico do país só é válido se vier acompanhado de distribuição de renda e isso se faz através de investimentos que garantam postos de trabalho. Estamos no caminho certo, mas sempre vigilantes para lutar contra os retrocessos”.