Famílias de agricultores do Assentamento Olga Benario, do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), em Tremembé (SP), sofreram violento atentado na noite desta sexta-feira (10). Dois homens foram assassinados no local e seis feridos entre crianças e idosos. Segundo os moradores, por volta das 23h, criminosos invadiram o local em carros e motos e dispararam indiscriminadamente contra as pessoas.
Três deles morreram. Valdir do Nascimento, 52 anos, e Gleison Barbosa de Carvalho, de 28 anos morreram no local. Na tarde deste sábado (11), perdemos Denis Carvalho, de 29 anos, que estava em coma induzido por ter recebido por ter sido baleado na cabeça.
As demais vítimas precisaram passar por cirurgias para a retirada dos projéteis no Hospital Regional de Taubaté.
Em nota, o movimento condena a violência contra trabalhadores de assentamentos e a "falta de políticas públicas" nesses locais. "Neste momento de profunda dor, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra se indigna perante a violência e a falta de políticas públicas de segurança nos territórios, que põem a vida de tantos em constante risco”, consta do texto.
Ao Brasil de Fato, o dirigente nacional do MST Gilmar Mauro buscou sintetizar a situação de vulnerabilidade em que se encontram os assentados de Tremembé. "Essa é uma região de alguns assentamentos muito próximo às áreas urbanas e onde há uma pressão da especulação imobiliária muito intensa, articulada com políticos locais, também com milícia, para adentrar nos nossos territórios e tomar alguns lotes. Esse grupo foi lá para é aniquilar com ele e o nosso povo estava fazendo resistência porque eles estavam querendo entrar num lote", disse.
Ainda na nota do MST, o movimento defende seus mortos. “Aos nossos mortos, nenhum minuto de silêncio, mas uma vida inteira de luta!", diz o texto.
A CSP-Conlutas repudia a violência consentida, que rouba vidas, dos que lutam por terra e moradia urbana, e condena a ausência de políticas públicas a esse segmento da sociedade. É urgente punir os criminosos, sobretudo os mandantes do crime.
"Covardemente estamos sendo perseguidos, espancados e assinados, neste país em que o direito básico à terra nos é arrancado a base da bala, de criminalizações e impunidade. Toda a nossa solidariedade às famílias do assentamento Olga Benario e que todos os criminosos, os que efetuaram os ataques e os que mandaram, sejam punidos já. Lutar não é crime. Chega de massacres no campo e na cidade", clama a integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Vanessa Mendonça, do movimento Luta Popular.
Vanessa chama atenção a violência contra este segmento social. "Ataques ao povo que luta vem cada vez mais se intensificando em todo o território nacional, diariamente acontece ataques aos povos originários, ribeirinhos, quilombolas, e mais um destes crimes, acabou de acontecer no assentamento Olga Benario. O governo Lula deve assumir a tarefa de punir e impedir que tais crimes aconteçam", cobra a militante do Luta Popular.