Notícia - Movimento sindical critica nova alta dos juros

Entidades sindicais patronais e de trabalhadores criticaram, a decisão do Copom (Comite de Política Monetária do Banco Central), nesta quarta-feira (29), de elevar a taxa básica de juros (Selic) para 13,25% ao ano.

Entre a representação dos trabalhadores, a Força Sindical repudiou o aumento dos juros , classificando a alta da taxa Selic de “prêmio aos especuladores”.

“A atual política econômica está destoando dos anseios da classe trabalhadora. Elevar os juros nesse momento traz mais incertezas. A decisão trará efeitos negativos sobre a criação de emprego e renda”, acrescenta a entidade

A nota, assinada pelo presidente da entidade, Miguel Torres, alerta que o aumento dos juros tende a desestimular o investimento e o consumo no país.

” O aumento é mais uma forma de sufocar os trabalhadores. Sem cortes relevantes, há redução de investimentos e chances de crescimento”, conclui.

Central Única dos Trabalhadores (CUT) condenou “veementemente” a nova alta anunciada pelo Banco Central , que deixou a categoria “frustrada”.

“Não há outra palavra para caracterizar mais este absurdo do que frustração, pois esperávamos que, sob o comando de Gabriel Galípolo [indicado pelo governo federal], houvesse uma reversão neste processo”, afirma a CUT, em nota.

“Rentistas, agiotas e seus asseclas no parlamento e nos meios de comunicação pressionam por aumentos sucessivos da taxa Selic. E o fazem em interesse próprio. Falam da inflação dos preços de bens e serviços, mas nenhuma palavra é dita sobre a inflação da dívida bruta do Brasil, que deverá aumentar em torno de R$ 50 bilhões”, completou a entidade.

Já a União Geral dos Trabalhadores (UGT) considera uma vergonha e uma afronta às políticas de desenvolvimento econômicas adotadas pelo governo federal.

“São medidas que beneficiam o mercado especulativo, banqueiros e outras pessoas que vivem de especular com o dinheiro, mas que não geram emprego e não fazem a roda da economia girar”, diz a nota.

De acordo com a UGT, esse verdadeiro crime contra a economia do Brasil acontece em detrimento ao mercado produtivo, tendo como principais vítimas os trabalhadores (as).

“É inadmissível que o BC, para tentar controlar a inflação do país, continue a adotar um remédio tão amargo para a sociedade como é a elevação da taxa de juros.”

A Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) disse em nota que “os juros sobem novamente para enriquecer banqueiros e rentistas sacrificando o desenvolvimento nacional” .

A central entende que a decisão segue na contramão dos interesses nacionais e conspira claramente contra o crescimento da economia e o desenvolvimento nacional.

“Com essa política de juros escorchantes, o Brasil pode nadar, nadar e morrer na praia. O governo Lula precisa elevar o tom contra o ‘deus mercado’, que não sabe o custo do feijão no supermercado. Uma taxa de juros no patamar sugerido pelo Banco Central, endossado pelo Gabriel Galípolo, é o alimento para a especulação, para o grande capital, para a banca rentista, que está patrocinando uma política contrária ao desenvolvimento do país”, declarou o presidente da CTB, Adilson Araújo.

A Central Sindical do Brasil (CSB) manifestou sua profunda preocupação e repúdio ao aumento da taxa Selic. Em nota a CSB ressaltou que a alta da Selic não resolve a inflação atual, que é majoritariamente de oferta e não de demanda.

“O aumento da Selic só agrava as dificuldades no ajuste das contas públicas, uma vez que cada ponto percentual de elevação amplia em R$ 70 bilhões os gastos com o serviço da dívida, recursos que poderiam ser investidos em saúde, educação, infraestrutura e geração de empregos”, diz a nota.

A entidade defendeu ainda um Banco Central alinhado aos interesses do povo brasileiro e com o projeto de reconstrução e transformação do país.

Entidades patronais também repudiam decisão

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) considerou a elevação dos juros injustificada e equivocada. “É mais um movimento injustificado da política monetária brasileira e que ocorre em consequência da longa cultura de juros reais elevadíssimos que persiste no Brasil”.

“Com a decisão, o Banco Central mostra que continua persistindo em uma única ferramenta de política monetária – a elevação dos juros –, no enfrentamento de expectativas de inflação. Não considera, no entanto, os efeitos impactantes dos juros e a taxa de câmbio na própria inflação. O comprometimento com o equilíbrio fiscal e com a racionalidade dos gastos públicos precisa ser exercido e cobrado por todos”, destaca a entidade.

Para a CNI, a decisão do Banco Central não leva em conta a desaceleração da atividade econômica, observada já no desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) do terceiro trimestre de 2024.

“Fica evidente que o aumento da Selic foi uma decisão excessiva e na direção errada, representando somente mais custos financeiros para as empresas e os consumidores, e perda adicional e desnecessária de empregos e renda”, afirmou em nota.

A Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) disse que a nova alta compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos e restringe investimentos.

“A Firjan considera que o novo aumento da taxa básica de juros, de 12,25% para 13,25% ao ano, vai intensificar o processo de desaceleração da indústria nacional. Recentemente, a produção industrial teve duas quedas consecutivas e está 15% abaixo do nível máximo da série histórica”, afirma a entidade.

“A alta dos juros não apenas compromete o desenvolvimento sustentável de setores estratégicos, mas também restringe os investimentos necessários para impulsionar a produtividade”.


Fonte:  Rádio Peão Brasil com informações da Agência Brasil / Foto: Paulo Pinto - 30/01/2025


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