Em reunião realizada nesta quarta-feira (07/02), a gestão de Recursos Humanos da Petrobrás solicitou um prazo de três semanas para responder se irá negociar coletivamente o teletrabalho com os trabalhadores e trabalhadoras. A reunião foi marcada por questionamentos da Federação Única dos Petroleiros (FUP) sobre a decisão unilateral da empresa de alterar as regras vigentes sem qualquer debate com a categoria.
Os diretores da FUP cobraram explicações sobre os motivos que levaram a companhia a propor mudanças no regime de teletrabalho. “Qual é a razão da empresa? Precisamos entender a necessidade dessa mudança, isso tem que fazer sentido”, questionou Cibele Vieira, diretora da FUP e do Sindipetro SP. Segundo ela, faltam dados e números que justifiquem a nova demanda da Petrobrás.
A empresa alega que as alterações visam acelerar projetos, mas não detalhou quais são esses projetos, tampouco apresentou estatísticas sobre a quantidade de trabalhadores afetados pela medida. Também não foram divulgados estudos sobre os impactos da mudança na qualidade de vida e na saúde mental dos empregados.
Tezeu Bezerra, diretor da FUP e do Sindipetro NF, trouxe exemplos concretos do impacto do teletrabalho na vida dos petroleiros. Ele citou o caso de trabalhadores que atuam na base de Imbetiba, em Macaé, mas residem em Campos dos Goytacazes, a 100 km de distância, e de empregados do edifício-sede da empresa (Edisen), no Rio de Janeiro, que moram em Niterói. “É evidente que o teletrabalho trouxe mais qualidade de vida para essas pessoas”, afirmou.
A FUP criticou a quebra de um processo de construção iniciado em 2017, ressaltando que a decisão unilateral da empresa contraria a atual conjuntura política, em que o governo federal tem adotado um discurso de valorização dos trabalhadores. A entidade destacou ainda que o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) vigente prevê a negociação coletiva como um princípio fundamental.
Outro ponto levantado foi a contradição entre o discurso institucional da Petrobrás e suas ações. “Se a empresa afirma que cuida de pessoas, que tem empatia e que mantém o diálogo com os trabalhadores, como explica uma mudança tão drástica e com impacto profundo na vida das pessoas? Estamos diante de uma gestão de palavras vazias?”, questionaram os sindicalistas.
Durante a reunião, a equipe da Petrobrás afirmou que não tem autorização para negociar a questão. “Não temos orientação para negociar”, disse um representante da empresa. Diante dessa resposta, Sergio Borges, diretor da FUP e do Sindipetro-NF, pediu que o recado fosse levado à diretoria da companhia, alertando sobre a insatisfação da categoria e a possibilidade de mobilização, incluindo uma greve.
A FUP reiterou sua posição contrária à imposição de regras individuais e exigiu que a Petrobrás suspenda a implementação de qualquer termo de adesão até que a negociação coletiva seja efetivada. “Os trabalhadores querem não apenas o diálogo, mas sim a negociação”.
A próxima resposta da Petrobrás está prevista para as próximas três semanas, e a categoria segue em estado de alerta.