Notícia - Trabalhadores e empresários debatem futuro do setor de autopeças

Dirigentes metalúrgicos da CNM/CUT, com a representação da IndustriALL Brasil, além de empresários do setor de autopeças, debateram no dia 31 de janeiro o futuro do setor automotivo no país a partir de diversos temas que nortearão a indústria, principalmente da perspectiva do setor das autopeças. O debate ocorreu na sede do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças), em São Paulo.

Entre os temas em debate, estiveram rotas tecnológicas, reindustrialização, desenvolvimento sustentável, biocombustíveis, transição justa (tecnológica e energética), formação profissional, regimes de ex-tarifário (redução temporária de alíquota de importação de alguns bens), conteúdo nacional, e a construção conjunta (trabalhadores, empresários e governo) de políticas voltadas ao setor automotivo.

“Foi uma atividade de extrema importância para a gente pensar no futuro do setor de autopeças. No Brasil nós temos uma gama importante de tecnologias de biocombustíveis, um volume importante de energia limpa gerada, além do potencial das tecnologias que podem vir. Temos que pensar nas consequências que isso trará para os trabalhadores, pensar em fazer uma transição tecnológica e energética que sejam justas, para trabalhadores e comunidades afetadas. Além disso, temos que nos apropriar do conhecimento sobre essas novas tecnologias para manter e gerar empregos e renda de qualidade”, afirmou o presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva.

 

Biocombustível e transição justa

Um dos temas mais debatidos foi o potencial do país para produção de combustível limpo, principalmente o etanol, que já é usado há décadas nos veículos nacionais. Em um contexto mundial, onde a fabricação de automóveis passa por um processo de transição, saindo do uso de combustíveis fósseis (petróleo) e partindo para novas opções como o motor movido a energia elétrica, o veículo movido a etanol polui menos o meio ambiente do que os que usam bateria, como os fabricados na Europa, se for avaliado o processo chamado ‘do berço ao túmulo’, desde a fabricação até o descarte do veículo.

“O etanol é uma política muito importante para o Brasil, pois é um biocombustível feito a partir do milho e da cana de açúcar, e o nosso país é protagonista nessa questão. Além disso, existem pesquisas para produção de etanol a partir do agave (planta de onde se extrai a bebida tequila), numa parceria entre setor privado e universidade, o que nos daria mais uma alternativa na produção do etanol, colocando o Brasil na vanguarda do processo de descarbonização”, explicou o secretário-geral da CNM/CUT, Renato Carlos de Almeida (Renatinho), que também é coordenador do segmento automotivo da entidade.

Renatinho conta que foi abordado no encontro a possibilidade de trabalhar na qualificação e requalificação dos trabalhadores para os novos desafios que a indústria terá nos próximos anos, além de ter foco no desenvolvimento de uma indústria que valorize o conteúdo nacional.

“Para a CNM/CUT é sempre importante participar desses espaços de debate pois temos a oportunidade de levar a pauta da classe trabalhadora e, de forma conjunta, pensarmos estratégias para construção das políticas a fim de desenvolver a nossa indústria de uma forma geral, e principalmente fortalecer o setor de autopeças, procurando discutir políticas para as pequenas e médias empresas, que foram muito afetadas nos últimos anos, e que são as maiores geradoras de empregos no país. Queremos uma indústria com conteúdo nacional e que não fique dependente de importações. A CNM/CUT tem a preocupação de buscar alternativas para garantir emprego, garantir a renda, garantir o processo de transição justa para toda a classe trabalhadora”, enfatizou o secretário-geral da CNM/CUT.

 

Ex-tarifário e produção nacional

A Confederação pediu também que os empresários apresentassem aos representantes dos trabalhadores o que eles pediram ao governo federal sobre a aplicação do regime de ex-tarifário. Esse dispositivo permite a redução temporária da alíquota da importação de alguns bens, principalmente bens de capital, como máquinas e equipamentos usados na cadeia produtiva. A preocupação é saber o quanto esse tipo de medida pode prejudicar a indústria nacional e, consequentemente, tirar empregos do país.

“A CNM/CUT tem debatido no Ministério da Indústria (MDIC) sobre essa questão do ex-tarifário do setor eletroeletrônico, por exemplo, e queremos saber o que está sendo proposto pelo setor de autopeças. Quando defendemos o conteúdo local, nós estamos falando da produção nacional, estamos falando da participação dos trabalhadores, e queremos saber qual é a contrapartida que será dada se for aplicado esse dispositivo ex-tarifário. Isso é um ponto fundamental para colocarmos em nossas pautas. O trabalho tem que estar vinculado à questão da produção nacional, do investimento e também de pesquisa e desenvolvimento”, afirmou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira.


Fonte:  Redação CNM/CUT - 10/02/2025


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