A direção da Central Única dos Trabalhadores no Estado de Goiás (CUT/GO) se reuniu na sede da central sindical na última sexta-feira, 07 de fevereiro, em Goiânia, para realizar o encontro de Planejamento Estratégico Anual 2025. Durante o processo, discutiu-se as debilidades, as oportunidades, as forças e as ameaças à atuação da CUT ao longo do ano. A partir do diagnóstico apresentado, foi estabelecido um sólido plano de atuação coordenado para o próximo período.
Abriu os trabalhos com uma análise de conjuntura propositiva, a nossa ex-presidenta e atual diretora, a deputada estadual Bia de Lima. Após cumprimentar as diretoras e diretores presentes, ela ressaltou as muitas tarefas do movimento sindical goiano no ano de 2025, tarefas de resolução das pautas sindicais, propriamente, mas também necessárias à preparação do ano eleitoral de 2026.
Bia de Lima trouxe dois pontos de pauta principais: a liberação de profissionais do serviço público para atuarem nos mandatos classistas e a necessidade da retomada da contribuição sindical.
Ela mencionou suas tratativas de reunir-se novamente com o ministro do trabalho, Luiz Marinho, para cobrar do Governo Federal uma resposta para a demanda de liberação das e dos dirigentes para que atuem na assistência sindical junto às bases e na efetivação e reconhecimento dos mandatos sindicais oriundos do funcionalismo público, para que possam, de fato, acompanhar e defender a luta das trabalhadoras e dos trabalhadores.
Para Bia, essa é uma questão importante, diante da qual o Governo Federal ainda não se posicionou. Como ex-presidenta da CUT Goiás, diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação em Goiás (SINTEGO), ela se propõe a cobrar o Ministério do Trabalho para viabilizar o aprimoramento do trabalho sindical em Goiás, penalizado pela política de austeridade que impede a liberação de quadros sindicais no serviço público. Bia afirmou que todos os sindicatos ligados ao serviço público estadual perderam o direito da representação sindical, apesar das denúncias e das medidas de contenção implementadas.
Ela acrescentou que a luta pela liberação dos mandatos classistas deveria ser uma pauta nacional da CUT, a ser incluída na agenda da central em 2025, junto com a retomada da regulação da contribuição sindical. Sem o fortalecimento do movimento sindical, corre-se o risco de, em 2026, as forças progressistas não conseguirem fazer um contraponto à “direita raivosa”. Por isso, é preciso cobrar maior empenho das instâncias nacionais na realização de uma campanha de retomada do protagonismo sindical no país para a organização da luta das trabalhadoras e dos trabalhadores.
Bia mencionou a reforma trabalhista do governo Temer, apontando que seu principal aspecto foi o desmonte do movimento sindical. Isso ocorreu, porque o golpe de 2016 reconheceu no sindicalismo, em nossas bases, em nossa viabilidade financeira e em uma organização sólida, a principal ameaça à retirada de direitos imposta de forma autoritária pelo governo ilegítimo. Esse movimento golpista teve como principal saldo, o fim do chamado imposto sindical.
Apesar do governo Lula 3 ter sinalizado a retomada da contribuição sindical, ainda não avançou neste sentido. Portanto, as centrais sindicais, em conjunto, precisam pressionar e apresentar uma proposta bem definida de regulamentação da contribuição sindical para a aprovação do Congresso Nacional.
Para tanto, é necessário que cada categoria se organize por meio de assembléias e defina a melhor forma de aplicar a contribuição sindical entre seus membros, para que se possa fazer o enfrentamento aos empresários que se utilizam de estratégias de deslegitimação e desmobilização do movimento sindical, por meio da dispersão e do subfinanciamento.
A deputada estadual da educação em Goiás, enfatizou a necessidade do planejamento para a ampliação da base sindical da CUT/GO e intensificar o diálogo e a unidade entre as bases já estabelecidas para que a luta sindical possa fazer parte do cotidiano das trabalhadoras e trabalhadores goianos, extrapolando a luta meramente informativa realizada nas redes sociais e nos meios de comunicação.
Ela alertou ainda para a reforma da previdência dos servidores municipais e estaduais, a PEC 66/2023, articulada pela base do governo Bolsonaro, e que vem sendo replicada por prefeitos e governadores de todo o Brasil, o que permitiu, por exemplo, que Caiado taxasse os aposentados goianos em 14,25% dos seus salários depois de terem contribuído por toda a vida laboral. Segundo Bia, tudo isso serve para justificar políticas de austeridade, que usam o servidor público como bode expiatório para justificar desvios e ingerências de toda ordem operados pelos governos de corte neoliberal.
Bia de Lima terminou sua fala mencionando outros desafios mais imediatos, como a defesa do IPASGO e a denúncia, no âmbito do Fórum em Defesa do Serviço e dos Servidores Públicos de Goiás, das falsas conquistas e supostos benefícios publicizados pelo governo Caiado, que se apresenta nacionalmente como um governo exitoso escondendo a realidade do funcionalismo público e da sociedade goiana.
O presidente da CUT Goiás, e diretor do Sindicato dos Docentes da Universidade Federal de Goiás (ADUFG), o professor Flávio Silva, deu sequência à análise de conjuntura reconhecendo que, a partir do golpe contra a presidenta Dilma, o movimento sindical brasileiro “foi à lona” e não está conseguindo sair desse lugar. Ele informou às demais diretoras e diretores que a CUT nacional está articulando um grande ato, em Brasília, para o primeiro semestre, mas que essa mobilização precisa de mais recursos e empenho coletivo.
Para Flávio, a falta de recursos estaria travando as atividades do movimento sindical a nível nacional, o que também pode ser exemplificado pelas limitações da CUT Goiás. Por falta de verbas, a CUT/GO não tem condições de viajar para os municípios, o que nos impede de filiar novas entidades em uma escala significativa. A crise financeira do movimento sindical é tão grave, que algumas centrais menores estão funcionando dentro de sindicatos, outras tiveram que fechar suas portas e interromper suas atividades, isso em pleno governo Lula.
A responsabilidade deste quadro, no entanto, se deve à extrapolação das atribuições do Congresso Nacional na disputa com o Executivo, que o constrange e limita sua iniciativa. Sinal disso, é a recusa da Câmara dos Deputados em aprovar a Lei Orçamentária Anual, a LOA, lei que define os gastos públicos, geralmente aprovada no final do ano anterior, mas que ainda não foi votada em fevereiro de 2025 e permanece sem previsão.
Isso se deve à chantagem política por parte do Congresso que, diante da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de atestar a inconstitucionalidade das emendas parlamentares irregulares, estabelecidas pelos governos ilegítimos que implementaram “orçamento secreto” e das “emendas pix” ou “emendas de relator”.
Assim, o fisiologismo do parlamento brasileiro travou a aplicação do orçamento nacional, o que exigiu a construção de uma agenda das centrais sindicais no final de fevereiro, em Brasília, para pressionar a aprovação da LOA. Portanto, segundo Flávio, essa situação revela a disposição dos deputados de bloquear o governo Lula, o que tem impacto negativo na atividade sindical.
Diante disso, a CUT precisa se mobilizar pelo fortalecimento da luta pela retomada da contribuição sindical e da ampliação das bases filiadas à central para que o sindicalismo brasileiro não esteja de mãos atadas no momento decisivo da disputa eleitoral de 2026. Para o presidente da CUT Goiás, o Congresso mais conservador da história do Brasil tem suas características já definidas: não gosta de trabalhador; não gosta de serviço público; pensam apenas nos recursos que podem obter individualmente por meio da atividade pública.
Flávio termina por afirmar que, apesar das adversidades apresentadas, a CUT Goiás não desistirá de seus propósitos! Considerando cada pessoa que depende da nossa atividade, “do nosso trabalho e de nossa luta” não podemos nos deter diante das dificuldades.
“Temos que continuar - por isso esse planejamento aqui, hoje -, nos organizar para fazer o que é possível e um pouco mais! Ficar parado não dá! Eu sei da dificuldade dos sindicatos em trazer novos dirigentes. As pessoas não querem participar do movimento sindical porque se endireitaram demais e não gostam de sindicatos. Muitos estão filiados apenas pelos benefícios. Então, são situações bem complicadas mas que a gente tem que romper!”
Logo depois das análises de conjuntura, deu-se prosseguimento ao diagnóstico e, em seguida, à definição das perspectivas de ação sindical da CUT Goiás em 2025.
A exemplo do que ficou estabelecido, mencionamos alguns pontos a seguir:
O presidente, Flávio Silva, solicitou o mapeamento dos sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores rurais do estado para que se faça um convite a que cada um deles se filie à CUT. Outra ação definida por ele foi o empenho na resolução da situação financeira das entidades.
O secretário de meio ambiente, Antônio Chagas, o Tonho, convocou a direção a realizar, em março, o Seminário Estadual de Meio Ambiente da CUT, além de mobilizar audiências públicas em diversos municípios do estado, com o intuito de mobilizar as bases para a participação na COP 30, em novembro, na cidade de Belém do Pará.
Já o secretário de administração e finanças, Napoleão Costa, estabeleceu critérios para um controle financeiro rigoroso, o esforço de incorporar novos sindicatos à base e de negociar melhores condições financeiras junto à CUT nacional. Ele ainda definiu o melhor uso do espaço da sede da CUT Goiás por parte dos sindicatos filiados, pensando também na construção do 1 de maio, Dia Internacional da Trabalhadora e do Trabalhador.
Sucessivamente, todas as secretarias da CUT Goiás apresentaram suas propostas de ação aprovadas por unanimidade pela direção. Por fim, um almoço de confraternização encerrou a reunião e reforçou o compromisso de todas e todos com a construção do movimento sindical CUTista em Goiás e no Brasil, e confirmando os propósitos da CUT em defender a classe trabalhadora.
Para mais detalhes, consultar a Matriz de Planejamento da CUT Goiás, elaborada pelo educador sindical César Azevedo.