Entre conversas acaloradas e momentos de emoção, o 4º Congresso dos Rodoviários do ABC e Região, realizado nos dias 31 de janeiro, 1º e 2 de fevereiro, foi mais do que um simples encontro. Foi um espaço de escuta, reflexão e luta coletiva, em um momento decisivo para quem vive do transporte rodoviário no Brasil.
O tema principal — “Avanços Tecnológicos no Mundo do Trabalho: O Papel do Sindicato e os Desafios para os Trabalhadores em Transportes” — refletiu o sentimento de urgência que ronda a categoria. Com a chegada de novas tecnologias, como a inteligência artificial e o avanço da chamada “uberização”, surgem incertezas e desafios. Mas uma coisa ficou clara durante os três dias de evento: quando os trabalhadores se organizam, eles criam seu próprio destino.
O peso da representatividade
O auditório estava lotado. Rodoviários de diferentes regiões do ABC e arredores chegaram cedo, ocupando cada cadeira com o olhar atento de quem sabe o valor de estar ali. Mas não estavam sozinhos. Entre os participantes, havia nomes de peso da política e do sindicalismo. Entre eles:
* Luiz Marinho, Ministro do Trabalho e Emprego
* Vicentinho, Deputado Federal
* Rômulo Fernandes, Deputado Estadual
* Natalício (Natal), presidente do SINDICARGAS-SP e anfitrião do evento
* Mário Pires, Prefeito de Ibiúna
* Marcelo Oliveira, Prefeito de Mauá
* Rubão, vice-prefeito de Ribeirão Pires
* Valdir Pestana, presidente da FTTRESP e CNTTT
* Brinquinho, presidente do SINCOVERG
* Amanda, secretária da Mulher Rodoviários Jundiaí
* Marrom, Secretário de Transportes da CUT
Com discursos firmes, muitos desses representantes reforçaram o compromisso de lutar ao lado da categoria, mas também alertaram: as mudanças tecnológicas no setor de transportes exigem mobilização constante.
Tecnologia: ameaça ou oportunidade?
Entre os debates mais esperados do evento, estavam os relacionados aos impactos das novas tecnologias. E o tom foi direto: as máquinas estão chegando, mas a precarização do trabalho não pode ser aceita como consequência inevitável.
No painel “Tecnologia e o Mundo do Trabalho”, mediado pelo Dr. Jonadabe Laurindo, os palestrantes Fernando Lima e Wellington Messias Damaceno trataram de temas como:
* A substituição da mão de obra por máquinas e inteligência artificial;
* A “uberização” e seus efeitos devastadores nas condições de trabalho;
* A necessidade de políticas públicas que garantam a proteção dos trabalhadores;
* Como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) afeta a categoria.
Foi um painel tenso, mas necessário. Diversos rodoviários compartilharam suas preocupações sobre o avanço das plataformas digitais de transporte e o medo de perderem seus postos de trabalho. Uma frase do palestrante Fernando Lima ficou na cabeça de muitos:
“A tecnologia não é neutra. Depende de quem a controla e para quem ela serve. Ou serve para enriquecer poucos, ou serve para melhorar a vida de muitos.”
Fortalecer o sindicato é fortalecer a luta
Outro ponto que permeou o congresso foi a importância de manter os sindicatos fortes e ativos, especialmente em tempos de mudanças legislativas que enfraqueceram a capacidade financeira das entidades.
No painel “Contribuições Sindicais e o Fortalecimento das Lutas dos Trabalhadores(as)”, coordenado pelo Dr. José Waldemar Romaldini Jr, a Dra. Valéria Costa e o Professor José Raimundo Simão de Melo apresentaram propostas para adaptar os estatutos das entidades às novas realidades.
“Ainda existe uma falsa ideia de que o sindicato não é necessário. Mas quem defende o trabalhador se não for o sindicato?”, questionou Romaldini, arrancando aplausos.
A resposta veio das palavras de muitos presentes: sem organização, não há luta; sem luta, não há conquista.
Encaminhamentos e esperança no futuro
No terceiro e último dia do congresso, o presidente do SINTETRA, Leandro Mendes, fez uma avaliação emocionada do evento. Ele destacou a força dos rodoviários e a importância de cada trabalhador e trabalhadora se engajar nos movimentos coletivos.
Foi também o momento de apresentar e votar as propostas elaboradas nos grupos de trabalho. Os delegados aprovaram todas por unanimidade, o que simbolizou o desejo de união e ação coletiva.
No encerramento, homenagens foram feitas a quem tem dedicado a vida à luta sindical. Mas o momento mais simbólico foi quando todos se reuniram para tirar uma foto coletiva, que foi acompanhada pelo grito que ecoou pelo auditório:
“Juntos somos mais fortes!”
O que ficou deste congresso?
Mais do que palavras e propostas, o 4º Congresso dos Rodoviários do ABC e Região deixou uma certeza: os desafios são muitos, mas quando a categoria está unida, ela pode enfrentar qualquer mudança — seja tecnológica, política ou social.
Agora, a tarefa é manter a mobilização, pressionar as autoridades e garantir que a tecnologia sirva para melhorar as condições de trabalho, e não para reduzir direitos. Afinal, como disseram vários trabalhadores durante o evento, “nada é dado de graça. Cada conquista foi fruto de muita luta. E a luta continua.