O Governo Federal anunciou, nesta quarta-feira (12), que a indústria de Defesa receberá da Missão 6 da Nova Indústria Brasileira (NIB) R$ 112,9 bilhões em investimentos, até 2026. Apesar da grave crise financeira vivida pela Avibras e pelos trabalhadores, a fábrica não foi citada no evento.
O anúncio foi feito no lançamento das metas da Missão 6, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Do total de investimentos, R$ 79,8 bilhões virão de recursos públicos e R$ 33,1 bilhões do setor privado.
Entre as empresas e projetos beneficiados está a Embraer, que já recebeu financiamentos bilionários vindos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
No próprio evento, a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e BNDES assinaram o financiamento do plano estratégico de inovação da Embraer, avaliado em R$ 331 milhões.
Avibras
Enquanto isso, a Avibras passa por recuperação judicial, está há 22 meses sem pagar salário e com a produção parada. No final de janeiro, a direção da empresa anunciou que está mantendo tratativas avançadas com a saudita Black Storm Military Industries, que já assinou contrato de intenção de compra da Avibras.
A NIB foi criada, há um ano, para estimular setores estratégicos por meio de compras públicas. Na descrição feita pelo governo, a Missão 6 da NIB é “focada em tecnologias estratégicas para a soberania e defesa nacionais”, ou seja, a Avibras tem todas as características para receber investimentos do programa.
Desde o início do terceiro mandato de Lula, o Sindicato vem fazendo alertas ao governo sobre a gravidade da crise da empresa. Já foram enviados 11 ofícios para ministros e ao próprio presidente Lula, no sentido de buscar saídas para a crise da Avibras e dos trabalhadores. Nenhuma medida, entretanto, foi tomada.
É importante ressaltar que entre os principais credores da Avibras estão o BNDES e a Finep.
“O governo Lula tem o dever de socorrer a Avibras, uma empresa brasileira que desenvolve tecnologia de ponta na área de Defesa. No evento de hoje, o presidente e o ministro Geraldo Alckmin sequer citaram a Avibras. O Sindicato vai intensificar as cobranças e a mobilização dos trabalhadores para que parte desses investimentos seja destinada a recuperar a fábrica e regularizar os salários”, afirma o presidente do Sindicato, Weller Gonçalves.
Estatização
Parte desse dinheiro anunciado hoje poderia ser usada na estatização da Avibras. A recuperação da empresa deveria ser prioridade para o Governo Federal, que até agora se manteve omisso diante do desmoronamento financeiro da maior empresa privada do segmento de Defesa do país.
“De nada adianta liberar todo esse investimento, sendo que historicamente o governo compra armamentos e munições de empresas estrangeiras. A nossa indústria de Defesa exporta principalmente para o Oriente Médio, enquanto o governo brasileiro continua comprando de empresas de Israel, Itália e Estados Unidos”, conclui Weller.