O Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará (Sindmetal-CE) pediu uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Ceará para debater as demissões em massa na fábrica Aeris Energy, que produz pás eólicas em duas plantas instaladas no Complexo Industrial e Portuário do Pecém, na cidade de São Gonçalo do Amarante. Desde 2022, a empresa demitiu cerca de 5 mil trabalhadores e nos próximos dias estão programadas mais 700 demissões.
Os sindicalistas querem o fim das demissões e que se debata também a conjuntura econômica que levou a empresa brasileira a ter problemas financeiros, desde a instalação de uma gigante multinacional chinesa concorrente do setor na Bahia, que produz pás eólicas a custos muito menores, inviabilizando a produção da Aeris.
“Nós vamos continuar divulgando e alertando o mundo sobre as mazelas que a entrada da indústria chinesa está causando aqui no nosso estado. Queremos chamar a atenção do governo estadual e também do governo federal, pois após a entrada da indústria chinesa no Brasil, a Aeris começou a passar por dificuldades e já são quase cinco mil famílias desempregadas em nosso estado”, afirmou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará, Francisco Antônio Oliveira Silveira.
Direitos dos trabalhadores
O Sindicato está orientando os trabalhadores demitidos a, se não concordarem com a demissão, recusarem a homologação quando forem assiná-la na entidade e colocou o departamento jurídico à disposição para defender os direitos dos demitidos. Existe também o problema do parcelamento das verbas rescisórias, já que a empresa diz que diante da situação financeira precária não tem como pagar as rescisões de forma integral. O Sindicato diz que irá à justiça contra o parcelamento das verbas.
Em seu site, os Metalúrgicos do Ceará escreveram uma carta à população denunciando a situação na Aeris. Clique aqui e leia a carta.
Solidariedade no nordeste
A Central Única dos Trabalhadores da Bahia (CUT-BA), por meio da Secretaria de Trabalho, manifestou apoio à luta contra as demissões no Ceará e se colocou ao lado do Sindmetal-CE na defesa dos direitos dos trabalhadores. A CUT-BA reforçou a necessidade de articulação nacional para enfrentar a precarização do setor e alertou para a urgência de medidas governamentais que protejam os empregos e fortaleçam a indústria nacional.
A questão foi levada ao Fórum das 9 CUT’s, que se reuniu nesta quinta-feira (13) em Recife, onde o tema foi discutido entre as centrais sindicais do Nordeste. Como resultado, o Fórum garantiu apoio na discussão da causa com a CUT Nacional e o Governo Federal, ampliando a mobilização para buscar soluções concretas para os trabalhadores afetados.
O Sindicato dos Metalúrgicos do Ceará destaca que as autoridades governamentais devem se atentar a essa movimentação no mercado, já que a concorrência internacional pode levar a uma redução drástica dos empregos no setor metalúrgico local. Além disso, a entidade defende que a questão não deve se restringir a incentivos fiscais, mas sim a um debate mais amplo sobre a proteção dos trabalhadores afetados.
O Sindmetal-CE e a CUT Bahia reforçam a necessidade de mobilização dos trabalhadores e cobram medidas concretas para evitar mais prejuízos ao setor e à economia do Ceará.