Notícia - Mulheres dirigentes enfrentam inúmeros desafios no movimento sindical metalúrgico

Mesmo com um número cada vez maior de mulheres atuando na indústria, o setor metalúrgico ainda é formado majoritariamente por trabalhadores homens. Essa realidade reflete nas direções dos sindicatos, representantes da categoria, através da dificuldade em encontrar trabalhadoras dispostas a integrarem chapas e quando elas passam a compor direções sindicais, enfrentam outros desafios.

Muitas trabalhadoras acabam não terminando gestões por conta do acúmulo de tarefas e inúmeras jornadas que as mulheres exercem, se desdobrando em trabalho, cuidados com a família e a casa, muitas vezes, elas também são estudantes e há o trabalho sindical. Além disso, enfrentam o machismo dentro do local de trabalho e muitas vezes, na própria entidade sindical.

Atualmente, a Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do Rio Grande do Sul (FTM-RS) tem vice-presidenta a metalúrgica Eliane Morfan, que está e no seu segundo mandato e nunca uma trabalhadora metalúrgica havia ocupado esse cargo. Desde 2020, Eliane tem trabalhado no fortalecimento e ampliação do Coletivo Gabi de Mulheres Metalúrgicas. “Na base metalúrgica temos várias diretoras mulheres que representam a categoria. Mas ainda temos poucas mulheres nas diretorias executivas”, conta ela.

Dos 29 sindicatos filiados à FTM-RS, apenas dois tem mulheres na presidência. Pioneira, a metalúrgica Elisandra de Almeida tomou posse como presidenta do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Passo Fundo e Região ano passado. E recentemente, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos Erechim e Região elegeu Sandra Weishaupt, que toma posse no próximo dia 15. 

“São conquistas muito recentes e nós temos bastante dificuldade para chegar em uma cadeira como Elisandra e a Sandra”, pondera Eliane ao ressaltar que o trabalho das mulheres dirigentes sindicais, geralmente, é silencioso, não aparece ou ainda não é reconhecido, não importa o quanto faça bem. “É muito importante divulgarmos o trabalho que as mulheres vêm fazendo, inclusive o trabalho da primeira mulher presidenta a estar frente uma entidade tão importante como presidenta Elisandra, assim como divulgar o trabalho que a Sandra fará.”

“Nós, mulheres, temos muita dificuldade de chegar nos espaços percebemos que para o homem é bem mais fácil aparecer o trabalho dele, basta dizer qualquer coisa. A mulher pode fazer um trabalho com maior qualidade possível que não aparece bom. Infelizmente, é o padrão do sistema do patriarcal que vivemos”, acredita. 

A dirigente destaca a importância das trabalhadoras terem cada vez mais espaços nas direções sindicais. “Sabemos da necessidade de ocuparmos o meio sindical. Nos últimos anos, a presença das mulheres aumentou e com isso, a luta pelas reivindicações específicas ganharam mais força” conta.


Fonte:  FTM-RS / Foto: Rafaela Amaral (STIMMMEC) - 11/03/2025


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