Trabalhadores do turno administrativo da Embraer rejeitaram o fim do home office, anunciado pela empresa, e exigiram que haja negociação sobre o tema com os sindicatos que os representam. A votação ocorreu em assembleia organizada pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, filiado à CSP-Conlutas, na manhã desta quinta-feira (13), na unidade Faria Lima.
Durante a assembleia, funcionários do administrativo e engenharia reivindicaram, também, que qualquer mudança pleiteada pela Embraer seja feita apenas em 2026. Nesta semana, a fabricante de aviões anunciou, sem negociação prévia, o retorno ao trabalho 100% presencial a partir de 4 de agosto, prazo muito curto para a adaptação dos empregados que realizam trabalho remoto.
Os trabalhadores aprovaram, ainda, estado de mobilização e reivindicam que a Embraer abra processo de negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos. Também foi votado que haja uma reunião com o CEO da empresa, Francisco Gomes Neto, para que os sindicatos possam expor as reivindicações dos empregados.
“O fim do home office representa muitos prejuízos para os trabalhadores e suas famílias. Diversas pessoas foram contratadas em regime de home office e vivem longe das plantas da Embraer. A empresa fez o anúncio de maneira arbitrária, sem negociação, e não ofereceu respaldo aos funcionários. Por isso, nosso Sindicato organiza essa luta e convida os demais sindicatos para a mobilização”, afirma o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos Herbert Claros.
No dia 27, a Embraer divulgou os resultados de 2024. A empresa atingiu o maior faturamento de sua história: R$ 35,4 bilhões, alta de 36% na comparação com 2023 (R$ 26,1 bi). Foram entregues 206 aeronaves, 14% a mais que no ano anterior (181).
“Nos últimos anos, a Embraer tem acumulado lucros, e o home office foi um dos responsáveis por esse resultado positivo da empresa. Por isso, nada justifica essa mudança abrupta”, completa Herbert.
Entenda
Desde o início do ano, havia rumores de que a Embraer anunciaria o retorno ao trabalho presencial. No dia 13 de fevereiro, o Sindicato dos Metalúrgicos enviou um pedido de reunião para tratar do tema com a empresa, mas a solicitação foi ignorada.
Em comunicado interno, a Embraer diz que a medida vale para todas as empresas do grupo, o que impactará inclusive a renda dos trabalhadores e suas famílias.
Com a decisão arbitrária, a Embraer afirma que deixará de pagar a ajuda de custo referente ao home office, bem como o vale-refeição para os trabalhadores de unidades que tenham refeitório em suas instalações. Cerca de 5 mil empregados serão atingidos em São José dos Campos e região.
O administrativo e a engenharia da Embraer trabalham em home office desde 11 de março de 2020, em decorrência da pandemia de covid-19.