Notícia - CNM/CUT cobra governo federal por trabalhadores nos debates de ferrovias e eólicas

Os metalúrgicos CUTtistas cobram do governo federal a presença da CNM/CUT e dos trabalhadores do setor ferroviário na participação do Grupo de Trabalho criado pelo governo para debater a retomada da indústria ferroviária do país. 

Além dos sindicalistas metalúrgicos e do setor ferroviário, dirigentes da Confederação Nacional dos Urbanitários da CUT (CNU/CUT), ligados ao setor elétrico nacional, também estiveram na comitiva em Brasília nos dias 12 e 13 de março na Secretaria Geral da Presidência da República e na Secretaria de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, do Ministério da Indústria. 

Os urbanitários reforçaram outra cobrança ao governo federal, sobre a demissão em massa de trabalhadores em uma fábrica de pás eólicas, no Ceará, denunciada pelo sindicato metalúrgico local. A CNM/CUT entende que a produção local de pás eólicas está sendo prejudicada por empresas chinesas que apenas montam os produtos aqui, gerando mais empregos no exterior e prejudicando os trabalhadores e a cadeia produtiva local. 

Segundo o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, nas conversas sobre ferrovias os sindicalistas metalúrgicos e ferroviários cobraram do governo federal a promessa de que haveria um Plano Nacional de Ferrovias - projeto que teria previsão de lançamento no primeiro semestre deste ano e investimento de R$ 100 bi no setor ao criar um novo marco para as ferrovias. Além disso, a CNM/CUT quer saber qual a participação dos trabalhadores dentro dessa proposta?

“A nossa preocupação é que todo o projeto de ferrovias não pode pensar só a logística, só o formato que vai ser construído esses trilhos. Tem que ser pensado também de onde será tirada a mão de obra que irá produzir o conteúdo, como os vagões, como a parte de rodas, de trilhos, os semicondutores, enfim, a matriz que vai produzir esses trens precisa estar na indústria brasileira. E nessa história da indústria brasileira precisa estar o trabalho. E nós colocamos isso para os Ministérios, nós precisamos estar participando mais efetivamente disso. No GT já tem participação de trabalhadores, mas não tem a participação da CNM/CUT e dos trabalhadores ferroviários. Cadê?”, explicou Loricardo.

 

Modelo ferroviário para todos

O vice-presidente do Sindicato dos Ferroviários do Espírito Santo e Minas Gerais (SINDFER ES/MG), Weslei Celante Eloi (Scooby), que esteve na comitiva de trabalhadores, disse que levou a Secretaria-Geral da Presidência da República uma pauta específica da categoria. Sobre a discussão mais ampla da indústria, ele saiu satisfeito com as conversas na capital federal.

“Antes do governo, tivemos um diálogo produtivo com a deputada federal Denise Pessoa (PT-RS), integrante da Frente Parlamentar das Ferrovias, onde ela demonstrou muito interesse em tratar das pautas dos ferroviários. Na reunião da Secretaria Geral da Presidência, com o ministro Márcio Macedo, levamos um documento sobre contratos de renovação das concessões da Vale, algo que impacta diretamente os ferroviários. Falta escutar a categoria sobre o tema. Enfim, temos uma grande expectativa que essas reuniões contribuam para fortalecer o diálogo com o governo Lula e possibilitem a construção de um modelo ferroviário mais justo, sustentável e economicamente viável para todos”, destacou Scooby.

 

Energia eólica

O presidente da CNM/CUT disse que a entidade pediu ao governo que olhe com mais cuidado as questões tarifárias que interferem a produção de produtos eólicos e fotovoltaicos no país, além dos investimentos nestes setores que valorizem a produção local e a tecnologia de matriz brasileira.

“Nós precisamos entender que a China não pode substituir a produção local de materiais para a energia eólica, como vemos no caso da empresa que vem demitindo em massa lá no porto do Pecém, no Ceará. É preciso observar questões como a aplicação de regimes de ex-tarifário (redução temporária de alíquota de importação de alguns bens), incentivo em financiamento de pesquisa e desenvolvimento, qualificação de mão de obra, e garantia de empregos de qualidade aos trabalhadores e de planejamento futuro”, enumerou o sindicalista.

A vice-presidente de Energia, Gás e Transição Energética da Confederação Nacional dos Urbanitários da CUT (CNU/CUT), Fabíola Latino Antezana, que representou a categoria nas agendas em Brasília, explicou que existe um problema estrutural de excedente de energia elétrica produzida no país, o que influencia na indústria dos materiais usados na energia eólica.

“Muitos parques eólicos foram implantados no país nos últimos anos, mas a parte da transmissão dessa energia não acompanhou o mesmo ritmo de implantação. Hoje temos uma oferta de energia maior do que a nossa demanda, o que faz com que vários parques eólicos fiquem parados hoje, não gerando energia. Isso afeta a cadeia produtiva do setor como um todo. E quando se olha a indústria da energia eólica, a maioria das empresas são multinacionais estrangeiras, que muitas vezes se instalam aqui não seguindo a legislação fundiária, invadindo terras. O que nós queremos para a indústria eólica brasileira, acredito que seja um objetivo comum de metalúrgicos e dos urbanitários, é uma indústria que respeite o uso do solo, os povos tradicionais e, principalmente, os trabalhadores e trabalhadoras”, afirmou Fabíola.

 

Outras agendas

No dia 11 de março, a comitiva da CNM/CUT, juntamente com companheiros do segmento ferroviário, se reuniu com  a deputada federal Denise Pessôa (PT-RS), que integra a Frente Parlamentar para Fortalecimento da Indústria Ferroviária. Na conversa, foi abordada a audiência pública do sistema ferroviário, que será realizada pela Comissão de Transporte da Câmara dos Deputados.

A oportunidade de levar a pauta dos trabalhadores ao governo federal e parlamentares foi elogiada pelos sindicalistas que estiveram em Brasília.

“Eu só tenho a agradecer a nossa Confederação pelo convite feito à Federação dos Metalúrgicos Interestadual do Nordeste, a FIMETAL. Tivemos a oportunidade de participar de debates importantes como a discussão pela redução da jornada de trabalho e o fim da escala 6x1, a situação das ferrovias e a questão da energia eólica, que impacta a minha base, na região de Feira de Santana (BA). Foi um aprendizado realmente, conseguimos aglutinar vários ministérios para debater a situação dos metalúrgicos, dos ferroviários e dos urbanitários. O Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana e a FIMETAL quando forem chamados, estarão presentes em todas as atividades para agregar, trazer para os debates a realidade da nossa região nordeste e o que os trabalhadores estão deliberando na base”, disse o tesoureiro do Sindicato dos Metalúrgicos de Feira de Santana e dirigente da Federação dos Metalúrgicos Interestadual do Nordeste da CUT (FIMETAL), Fábio Dias de Souza.

“Fizemos um grande debate sobre a energia eólica, por exemplo, que tem uma participação muito grande dos trabalhadores metalúrgicos e onde vimos que em alguns momentos as coisas não estão funcionando, como vemos no caso onde estão trazendo o material quase pronto da China e não estão fabricando aqui no Brasil. Então nós fizemos um grande debate para que a gente possa mudar essa situação e ter a fabricação com conteúdo aqui feito em nosso país. Também tivemos a discussão, já que a gente fala sobre o desenvolvimento da indústria, e nós temos que trabalhar a questão da ferrovia onde que possa ter a fabricação feita aqui no Brasil dos trilhos, dos vagões, que seja feito aqui. Não adianta nada a gente trabalhar a questão das ferrovias, aprovar as ferrovias, começar a fazer as ferrovias, mas não ter a fabricação aqui no nosso país. Então essa foi uma agenda muito importante para nossa Confederação Nacional dos Metalúrgicos, também para Federação Estadual dos Metalúrgicos de Minas, e creio eu para todos os trabalhadores do nosso país”, afirmou o presidente da Federação Estadual dos Metalúrgicos da CUT/MG, Marco Antônio de Jesus.


Fonte:  Redação CNM/CUT / Foto: Graccho/SGPR - 19/03/2025


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