Notícia - Feira de economia solidária da CUT mostra impacto no empreendedorismo feminino

A Feira da Economia Solidária da CUT, que acontece desde segunda-feira (17), na sede da Central, em São Paulo, reuniu mais de 20 expositoras de várias regiões da capital paulista. O evento, que termina nesta quarta-feira (19), faz parte das celebrações do Mês Internacional da Mulher.

Sob o tema “Mulheres e Economia Solidária: Caminhos para uma Sociedade Mais Justa e Igualitária”, a atividade é uma parceria entre a CUT e a Associação de Mulheres da Economia Solidária e Feminista (AMESOL). A iniciativa teve como foco a defesa dos direitos, a promoção da democracia e a busca por justiça social e ambiental.

Na segunda-feira (17), primeiro dia do evento, houve um debate com participações de trabalhadoras e trabalhadores da economia solidária.  Participaram a socióloga Helena Singer, filha do economista Paul Singer, pioneiro nos estudos de economia solidária; Bia Shewenck, socióloga, educadora popular e pesquisadora no Instituto Paul Singer; Amanda Corcino, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT e Márcia Viana, secretária estadual da Mulher Trabalhadora da CUT-SP.

“A CUT tem sido pioneira nessa luta. Realizar essa ação em março, mês dedicado às mulheres, é especialmente significativo para fortalecermos cada vez mais os espaços ocupados pelas mulheres”, afirmou a secretária estadual da Mulher Trabalhadora da CUT-SP, Márcia Viana.  

Amanda Curcino, secretária nacional da Mulher Trabalhadora da CUT, destacou que o evento visa consolidar um pacto entre a classe trabalhadora. O objetivo, segundo ela, é construir uma sociedade mais justa e igualitária, repensando as formas de exploração que vão além do capital e do trabalho.

A dirigente enfatizou ainda a necessidade de refletir sobre modelos que ultrapassem a lógica tradicional de exploração. “Precisamos ir além do capital e do trabalho. A ideia é buscar alternativas que promovam justiça social, ambiental e reflexões sobre o olhar para o trabalho sobre cuidados domésticos, que muitas vezes é invisível, mas que é parte fundamental de toda a sociedade”.

Admirson Medeiros Ferro Jr., o Greg, secretário nacional de Economia Solidária da Central, defende que a economia social tem que estar focada no desenvolvimento de aplicativos e plataformas digitais para conectar produtores a consumidores, superando desafio de comercialização. “Não podemos depender somente de feirinhas", destacou Greg.

“Como podemos ajudar?”, perguntou o dirigente. “Estamos aqui, construindo um espaço de relação. Espero que no próximo debate vocês tragam mais sugestões, mais coisas para fazer”, acrescentou.

 

A feira

A feira, que acontece no saguão do prédio da CUT, reúne produtos de 20 expositoras de bairros e cidades vizinhas de São Paulo. Tem roupas, arte antiga, tear, bijuterias com pedras entre outras coisas.

Vera Machado, membro da AMESOL, ressaltou que “muitas dessas mulheres enfrentam dificuldades para se inserir no mercado formal de trabalho. Chegam a uma certa idade sem grandes títulos ou oportunidades e acabam excluídas. A AMESOL as acolhe e oferece um espaço para poderem se reinventar”.

A iniciativa das entidades reforça a importância da economia solidária como alternativa para mulheres que buscam autonomia e reconhecimento. “Quanto mais pessoas souberem que a AMESOL reúne mulheres produtoras, maior será o impacto positivo na vida delas”, concluiu Vera.

O evento não somente celebrou a resistência e a criatividade dessas trabalhadoras, mas também abriu caminhos para a troca de experiências.

Rosane Maria Silva, artesã e expositora, vende tapetes, redes e outros produtos feitos no tear. Para ela, iniciativas como essa são fundamentais para dar visibilidade às mulheres, muitas vezes marginalizadas. “Esse evento é muito importante, principalmente para nós mulheres, que somos frequentemente deixadas de lado”, afirmou.

Ela enxerga o espaço como uma vitrine para expor a produção das mulheres e gerar renda. “É uma chance de mostrar nosso trabalho, nossa criatividade e ainda garantir um dinheiro extra”, explicou. A artesã também destacou a relevância de discutir os desafios enfrentados pelas mulheres em diferentes aspectos da vida.

“Precisamos falar sobre a mulher trabalhadora, a estudante, a profissional formada. Sobre moradia, sobre tudo. É essencial abordar a mulher na totalidade”, defendeu.

Alessandra Reis, artesã há dois anos, expõe colares de cristal com banho de ouro e temas espiritualistas. Para ela, participar de eventos como o promovido pela CUT e AMESOL é uma oportunidade única. “Como empreendedora, isso me permite acessar espaços que eu não frequentaria sozinha. Estar ao lado de mulheres que investem e lutam junto faz toda a diferença”, afirmou.

Ela destaca ainda que iniciativas como essa não só promovem a visibilidade do trabalho das mulheres, mas também impulsionam a economia. “Precisamos ver retorno. Trabalhamos por amor, mas também precisamos pagar as contas”, disse. Ela reforça que, para as mulheres, o caminho do empreendedorismo é cheio de obstáculos. “Tudo é mais difícil para nós. A luta diária é pela sobrevivência, pelo básico. ”A grande batalha é conseguir se manter, pagar as contas e garantir que o trabalho dê frutos”, explicou.


Fonte:  Luiz R Cabral | Editado por: Walber Pinto - CUT / Foto: Roberto Parizotti - 19/03/2025


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