A grande diferença que o uso da cannabis medicinal fez na vida do filho motivou o metalúrgico Robinson de Souza Santana a levar a discussão para o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. Ele deseja que mais pessoas recebam informações sobre o uso do medicamento e também possam usufruir dos benefícios que ele proporciona.
Robinson conta que seu filho, de 18 anos, é autista e sofria bastante com ansiedade. Há três anos, ele passou a utilizar o óleo de cannabis medicinal e apresentou uma grande melhora na qualidade de vida. A esposa de Robinson também faz uso do medicamento.
A partir disso, Robinson passou a buscar mais informações sobre o assunto e conheceu o trabalho da ONG Flor da Vida, que é autorizada pela Justiça a cultivar a cannabis e realizar sua distribuição para uso medicinal. Mantida com recursos próprios, provenientes dos associados, a entidade possui seis anos de existência e beneficia cerca de 20 mil pacientes em diversos estados brasileiros.
Com o resultado positivo obtido em casa, Robinson, que é cipeiro na Mercedes-Benz, iniciou um diálogo com os colegas de trabalho sobre o medicamento e constatou que muitos desconheciam os benefícios.
“A demanda é grande. Só na Mercedes, pelo menos 80 trabalhadores são pais de filhos autistas. Levar o conhecimento sobre o uso da cannabis medicinal e democratizar o acesso se tornou muito importante para mim”, afirma ele.
Além disso, Robinson, que é membro da Comissão PCD (Pessoa com Deficiência) do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, levou a discussão para a entidade.
“O objetivo é ampliar o acesso à informação para toda a base do sindicato e buscar parceria com a ONG Flor da Vida para garantir a democratização do uso da cannabis. Isso permitirá que mais pessoas sejam beneficiadas com o medicamento”, explica.
Além de pessoas autistas, a cannabis medicinal beneficia pacientes com TEA, Alzheimer, Parkinson, fibromialgia e epilepsias, entre outras condições, garantindo mais qualidade de vida.
Encontro no dia 02/04
Um passo importante para ampliar o debate e o conhecimento sobre o assunto acontecerá no próximo dia 2 de abril. O Coletivo PCD, juntamente com dirigentes dos Metalúrgicos do ABC, está organizando um grande encontro na sede da entidade, em São Bernardo.
A atividade contará com a presença de médicos, integrantes da ONG Flor da Vida e pacientes que fazem uso da cannabis medicinal, incluindo o deputado estadual Eduardo Suplicy. “Tudo isso para levar a informação ao maior número de pessoas possível e fazer com que o auxílio do medicamento chegue a quem mais precisa, garantindo qualidade de vida”, ressalta Robinson, acrescentando que o evento é aberto a toda a comunidade.
Para Andrea Ferreira de Sousa, diretora executiva do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o debate sobre os benefícios da cannabis é essencial, pois ainda há muito preconceito e desinformação sobre o tema.
“Nós queremos dialogar com nossa base e mostrar essa possibilidade. Temos a intenção de firmar uma parceria com a Flor da Vida. São vidas que são ceifadas ou deixadas de lado, e, ao termos uma oportunidade de oferecer outra forma de garantir qualidade de vida para essas pessoas, isso se torna muito importante”, destaca.
Ela também ressalta que o encontro no dia 2 de abril será fundamental para ampliar o conhecimento sobre o assunto.
Debate com a base
O secretário-geral da Federação Estadual dos Metalúrgicos (FEM-CUT/SP), Max Pinho, parabeniza Robinson e o sindicato do ABC pela iniciativa de trazer o debate para a base.
Max também afirma que a FEM-CUT/SP pretende levar a discussão e as informações sobre o tema para os demais sindicatos filiados à entidade em todo o estado de São Paulo.
“O papel das entidades sindicais vai além das demandas do chão de fábrica. Temos o compromisso de debater e promover medidas que melhorem a vida dos trabalhadores e impactem positivamente o cotidiano de suas famílias. Muitos metalúrgicos lidam com filhos e parentes que necessitam de cuidados específicos e que podem ser tratados com cannabis medicinal. Por isso, é fundamental democratizar o acesso a esse medicamento. Esse tema é uma necessidade para as pessoas e por isso será uma “Causa” para nossos dirigentes sindicais.”, conclui Max.