Notícia - Sindicatos CUTistas lançam manifesto pela libertação do médico palestino Abu Safiya

A detenção do pediatra palestino Hussam Abu Safiya, diretor do Hospital Kamal Adwan, no norte de Gaza, reacendeu o debate global sobre as práticas israelenses na região. Preso em 27 de dezembro sem acusação formal, o médico segue sob custódia, transformando-se em símbolo da crise humanitária e da destruição do sistema de saúde palestino.

Organizações sindicais brasileiras aderiram à campanha internacional pela libertação do médico. Em fevereiro, Sindicatos que representam as trabalhadoras e trabalhaodres da saúde do estado de São Paulo entregaram um manifesto ao então diretor da Secretaria de Relações Institucionais de São Paulo, Fábio Manzini, solicitando a intervenção do governo brasileiro. O documento denuncia as violações de direitos humanos cometidas contra trabalhadores palestinos, incluindo tortura, fome e abusos sexuais.

A delegação sindical contou com a presença de Renata Scaquetti, secretária da Mulher Trabalhadora do SindSaúde-SP, e Paulo Moura, diretor da Região Centro da Capital, além de representantes da CUT, Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sindicato dos Psicólogos no Estado de São Paulo (Sinpsi), Sindicato dos Nutricionistas do Estado de São Paulo (Sindnutri,) Sindsaúde ABC, Sindsaúde Guarulhos, Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde (Sindacs-SP) e Sindacs-Vale. Durante o encontro, os dirigentes reforçaram a gravidade da situação enfrentada por Safiya e outros profissionais de saúde detidos.

A mobilização brasileira integra uma articulação global, que já conta com o apoio de políticos e instituições de diversos países. Na França, mais de 20 parlamentares assinaram o manifesto. Inglaterra e Estados Unidos também aderiram à causa. No Brasil, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), que historicamente apóia a causa palestina, encampou a campanha.

“Aprendi com a CUT o que foi a invasão da Palestina e a criação do Estado de Israel”, afirmou Juliana Sales,  dirigente da executiva da CUT.

Segundo ela, a destruição de hospitais e a morte de profissionais de saúde em Gaza fazem parte de uma estratégia para desestabilizar a população. “Destruir as estruturas que mantêm a população viva é parte da política de extermínio aplicada por Israel”, declarou.

 

Mortes e prisões de profissionais de saúde

Desde o início dos bombardeios, em outubro de 2023, mais de mil profissionais de saúde palestinos foram mortos, e ao menos 330 foram detidos, incluindo médicos que morreram sob tortura na prisão, como Adnan Al-Bursh e Iyad Al-Rantisi.

O manifesto critica ainda o papel dos Estados Unidos no conflito, mencionando declarações do presidente Donald Trump sobre a destruição de Gaza para reconstruí-la como uma “Riviera” para americanos e israelenses.

Entre as personalidades brasileiras que endossaram o manifesto estão o senador Humberto Costa (PT-PE), o deputado federal Henrique Fontana (PT-RS), o jornalista Breno Altman e a cineasta Tata Amaral. O objetivo agora é que o documento chegue às mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com expectativa de posicionamento público do governo federal.

 

O manifesto

 “Em 9 de janeiro de 2025, o Tribunal de Magistrados de Ashkelon estendeu a detenção, sem acusação, do médico Hussam Abu Safiya até 13 de fevereiro de 2025.

O doutor Abu Safiya, representado pelo advogado de Al Mezan, foi sequestrado pelas forças israelenses no Hospital Kamal Adwan em 27 de dezembro. Em 8 de janeiro de 2025, as autoridades israelenses também decidiram estender a proibição do médico a qualquer acesso à assistência jurídica até 22 de janeiro de 2025.

O médico foi mantido em Sde Teiman, um centro de detenção militar, onde a Al Mezan e outras entidades documentaram práticas sistemáticas de tortura contra palestinos. O advogado de Al Mezan, um centro de direitos humanos da região, recebeu indicações de que o Dr. Abu Safiya pode estar agora detido na prisão de Ofer.

As detenções arbitrárias do Dr. Abu Safiya e seus colegas fazem parte de um padrão mais amplo de violações sistemáticas cometidas pelos israelenses, com o objetivo de devastar deliberadamente o sistema de saúde de Gaza. Até agora ele não foi solto. Essa política, do governo Israelense, inclui ataques militares implacáveis ??contra instalações e profissionais de saúde, cercos e invasões a hospitais e o sequestro de dezenas de profissionais médicos.

Desde outubro de 2023, ataques israelenses mataram mais de mil profissionais de saúde e de assistência palestinos em Gaza, com pelo menos 330 profissionais de saúde detidos durante operações terrestres israelenses. Entre os sequestrados em serviço estão o Dr. Adnan Al-Bursh e o Dr. Iyad Al-Rantisi, ambos mortos sob tortura enquanto estavam sob custódia na prisão israelense.

 

Tortura severa

Al Mezan expressa profunda preocupação pela segurança e bem-estar de Abu Safiya, temendo seriamente que ele possa ser submetido a tortura severa, represálias ou outras formas de coerção, especialmente devido à recusa contínua e deliberada de acesso a um advogado. Condenamos veementemente sua detenção arbitrária, enfatizando que ela constitui uma clara violação do direito internacional, que prescreve o respeito e a proteção do pessoal médico e garante o direito a um julgamento justo.

Al Mezan pede a libertação imediata e incondicional do Dr. Abu Safiya, bem como de todos os palestinos arbitrariamente presos e detidos pelas autoridades israelenses, incluindo profissionais de saúde.

Apelamos urgentemente à comunidade internacional, incluindo os aliados de Israel, para que o pressionem a fim de garantir sua libertação e pôr fim às violações sistemáticas e graves dos direitos humanos sofridas pelos prisioneiros e detidos palestinos.”

Gaza, 10 de janeiro
Centro Al Mezan para os Direitos Humanos

Para assinar o manifesto, clique aqui.


Fonte:  Luiz R Cabral | Editado por: Rosely Rocha - CUT - 24/03/2025


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