Desde a zero hora desta quarta-feira, 26, a categoria petroleira interrompeu as atividades em diversas unidades do Sistema Petrobrás, aderindo à greve nacional de advertência, que foi amplamente aprovada nas assembleias. O movimento de 24 horas teve início de madrugada nas unidades operacionais, com corte na rendição dos grupos de turnos, e adesão pela manhã dos trabalhadores do regime administrativo.
A greve, que prossegue ao longo do dia, é um recado contundente dos petroleiros e petroleiras contra as medidas autoritárias e os ataques da gestão Magda Chambriard aos fóruns de negociação coletiva. A categoria exige respeito à boa-fé negocial, com a suspensão da agenda de mudanças unilaterais no teletrabalho e a garantia dos valores integrais da PLR que foram apresentados pela empresa nos simuladores durante a negociação do acordo, ou seja, sem o corte de 31% que querem impor aos trabalhadores, enquanto os acionistas recebem 207% do lucro líquido.
Além disso, a categoria cobra avanços nos demais temas da pauta unificada que foi referendada nas assembleias, como a recomposição dos efetivos, um só plano de cargos e salários para todo o Sistema Petrobrás, melhores condições de trabalho e segurança para os contratados, fim dos planos de equacionamento da Petros, retomada da produção da FAFEN-PR sem riscos, entre outras reivindicações.
“O que a gente quer é destravar as mesas, por isso é que é uma greve de advertência, uma greve de alerta, uma greve para a gente conseguir dar um freio de arrumação, porque esse ano a gente ainda vai iniciar o Plano de Cargos, vamos ter negociação cheia do Acordo Coletivo, não tem como a gente continuar numa relação travada”, explica a diretora da FUP, Cibele Vieira.
O coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, acompanhou a greve na Bahia e enfatizou que a categoria petroleira não vai admitir ataques aos fóruns de negociação coletiva. “Apesar das mudanças que tivemos com o governo do presidente Lula, um governo mais popular, mais democrático, um governo que traz o lema da união e reconstrução, nós infelizmente ainda temos algumas dificuldades dentro do sistema Petrobrás, com práticas antigas que permanecem na gestão da companhia. A gestão respeitar a negociação coletiva, garantir condições dignas de trabalho e valorizar quem move essa empresa”, afirma.
Próximos passos
A greve desta quarta está tendo adesão expressiva nas refinarias, nos terminais, nas unidades de gás e termoelétricas, nas áreas de E&P e nos escritórios da Petrobrás pelo país afora. O movimento foi convocado de forma unitária pelas duas federações de petroleiros. Amanhã (27), a FUP e seus sindicatos farão uma reunião virtual para avaliar o movimento em nível nacional e discutir os próximos encaminhamentos para avançar no atendimento da pauta unificada da categoria.
Confira como está a greve nas bases da FUP
Nas bases da FUP, houve corte de rendição dos turnos na Refinaria Abreu e Lima (PE), na Lubnor (CE), na Replan (SP), na Recap (SP), na Reduc (Caxias/RJ), na Regap (MG), na Refap (RS), na Repar (PR), na UTGC de Linhares (ES), na área de produção de Taquipe (BA) e nas UTEs de Três Lagoas (MS), Ibirité (MG), Termorio (Caxias/RJ). Houve também atrasos na Nesix (PR), na Fafen de Araucária (PR) e na Usina da PBio de Montes Claros, em Minas Gerais.
Os trabalhadores da Transpetro também aderiram à greve nas bases da FUP, interrompendo a troca de turno no Terminal de Coari (AM), no Terminal Barueri (SP), no Terminal de Suape (PE), no Terminal de Campos Elíseos (Caxias/RJ) e no Terminal Madre de Deus (BA). Nos terminais da Transpetro do Rio Grande do Sul (Tedut, Terig e Tenit), do Paraná (Tepar) e de Santa Catarina (Tefran, Temirim, Teguaçu e Tejaí), os trabalhadores fizeram atrasos.
Nas unidades administrativas da Petrobrás representadas pela FUP, houve atos com adesão à greve nos escritórios de Imbetiba e Parque de Tubos (NF), no Edivit (ES), na Torre Pituba (BA), no Edisp (SP), no Esbras (DF) e no Edirn (RN). Para os petroleiros em teletrabalho, a orientação foi que ninguém acessasse os computadores ou dispositivos móveis, nem atendessem solicitações da empresa.
Nas plataformas do Espírito Santo, os trabalhadores estão sem emitir Permissões de Trabalho e na Bacia de Campos, a categoria aprovou um manifesto por respeito às negociações e em defesa de reivindicações relacionadas aos trabalhadores offshore (veja aqui a íntegra).