A operadora de máquinas Elisandra Antunes de Almeida é a primeira mulher no Rio Grande do Sul a liderar um sindicato que representa os trabalhadores metalúrgicos, categoria majoritariamente masculina. Desde 15 de abril de 2023 ela é a presidenta do Sindicato dos Metalúrgicos de Passo Fundo, Marau e Tapejara.

A dirigente ressalta que a composição da categoria se reflete, em certa medida, nas direções sindicais. Por isso, ocupar essa posição de liderança é a oportunidade de quebrar barreiras e promover uma mudança significativa na estrutura do movimento sindical. “Estou ciente de que, ao assumir a presidência de um sindicato predominantemente masculino, tenho a missão de representar não só as mulheres, mas todos os trabalhadores e trabalhadoras da categoria.”

Aos 35 anos, Elisandra também é estudante de Direito e lembra que iniciou sua trajetória em 2008, no setor de Máquinas Agrícolas. “Tinha 17 anos, realizava trabalho terceirizado até conquistar o vínculo empregatício na categoria. Foi o meu primeiro emprego, e a princípio, imaginei que seria uma experiência temporária, até que pudesse concluir o ensino médio e, posteriormente, ingressar no ensino superior, com o objetivo de buscar novas oportunidades, diante das duras condições de trabalho da época.”

Assim como tantos jovens que trabalham e estudam, ela encarou inúmeras as dificuldades e acredita que “isso me proporcionou não apenas experiência, mas também a consciência das adversidades que muitos trabalhadores enfrentam.” Em 2015, Elisandra ingressou no movimento sindical. 

“Foi no local de trabalho que entendi que, por meio de uma entidade sindical e apoio dos trabalhadores, conseguimos conquistar e garantir direitos, o que me motivou a atuar com mais intensidade. Minha atuação como dirigente sindical foi essencial para minha formação dentro do Sindicato”, garante.

Desde então, esteve presente em dois mandatos, Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e Assédio (CIPA) e nas negociações de Programas de Participação e Resultados (PPRs). De acordo com a dirigente, com o intuito de melhorar as condições de trabalho e lutar pelos direitos dos trabalhadores. “A diretoria, sempre com um planejamento qualificado e estratégias bem estruturadas, teve um papel fundamental em criar as condições necessárias para que uma mulher estivesse preparada para assumir a presidência.” 

“Esse processo contínuo de formação, impulsionado por uma gestão visionária, foi fundamental para que rompêssemos com o ciclo histórico de presidências exclusivamente masculinas no Sindicato. Essa transformação representou não apenas uma mudança de liderança, mas um avanço significativo na construção de um movimento sindical mais inclusivo e representativo para todos. A luta não cansa, ela liberta e empodera o proletariado”, sentencia Eleandra.

Apesar dos inúmeros desafios que enfrenta, destaca o apoio e trabalho de outras três dirigentes mulheres: Eva, Clady e Franciele. “Elas assumiram esse desafio comigo e com os demais dirigentes sindicais. A presença delas é essencial para que possamos avançar nas pautas da nossa luta. Juntas, não só nos fortalecemos como também abrimos caminho para que mais mulheres ocupem espaços de liderança no movimento sindical.”

Elisandra finaliza, salientando justamente a importância das mulheres trabalhadoras se sindicalizarem, pois os sindicatos são, antes de tudo, uma ferramenta em defesa dos direitos. “Como mulher e trabalhadora, é essencial compreender que, ao se associar, você fortalece não apenas a sua posição, mas também a luta coletiva de todas as trabalhadoras e trabalhadores, ampliando as conquistas da categoria. Ser uma trabalhadora sindicalizada é fazer parte de um coletivo que luta pela transformação do seu local de trabalho e vai muito além das questões individuais.”

Atualmente, além de Elisandra, a metalúrgica Sandra Weishaupt também está à frente de uma entidade filiada à Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos do RS (FTM-RS). Ela tomou posse como presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos Erechim e Região no último dia 15.