Na avaliação dos participantes do Seminário “Nova Indústria Brasil – NIB e seus impactos na indústria metalúrgica”, realizado nesta terça-feira (8), apesar dos números positivos da indústria brasileira nos últimos anos e do empenho do governo federal em estruturar um plano industrial de longo prazo, falta chegar aos trabalhadores nas bases mais informações sobre o NIB, principalmente sobre seu funcionamento e seus resultados.
Em 2024, a indústria brasileira de transformação cresceu 3,2%, superando a média mundial de 2,3%, e saltando da 45ª para a 25ª posição em comparação ao ano anterior, segundo um ranking mundial de desempenho. A pesquisa foi realizada pelo pelo Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi) com base em dados da Unido, agência da Organização das Nações Unidas (ONU) para o desenvolvimento industrial, e foi divulgada nesta terça pelo jornal Valor Econômico.
Ainda segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), no ranking mundial de produção industrial, o Brasil avançou 30 posições, saltando de 70º para o 40º lugar entre 116 países, em 2024 (dados do Unido/Iedi). Hoje, o país possui 83% de capacidade instalada da indústria - a maior dos últimos 13 anos (dados da Confederação Nacional da Indústria - CNI). Esses e outros dados estão compilados em um documento do MDIC sobre os resultados da política industrial em 2023 e 2024.
“Nós estamos vendo os investimentos que o governo está fazendo. Então temos que verificar como essa política pública está influenciando a nossa base. Como essa política chega ao local de trabalho? Essa política industrial precisa ser melhor entendida pelo trabalhador, sem isso ela não se torna uma política eficaz. O nosso papel é conhecer e divulgar na nossa base a importância para a nossa categoria ”, ponderou o presidente da CNM/CUT, Loricardo de Oliveira, durante a abertura do seminário.
Participando de forma virtual, o presidente da IndustriALL Brasil, Aroaldo Oliveira da Silva, disse que é essencial que os trabalhadores se apropriem do Nova Indústria Brasil para estar mais preparados para levar o tema aos debates nas bases. “A indústria é fundamental para o desenvolvimento do país, para agregar valor, para empregos melhores, para ter uma sociedade melhor”.
O secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Uallace Moreira, fez uma apresentação mostrando o estágio atual do NIB no país, destacando os números positivos da iniciativa e reforçando que essa não é uma política de um governo e sim de estado, pensada à longo prazo, não importando o governo do momento. Ele reforçou também que os trabalhadores precisam ter espaço na formação e aplicação do NIB.
“As políticas industriais têm que ter contrapartida para o trabalhador, principalmente em emprego. A política não terá efetividade se não atender aos interesses da classe trabalhadora”, afirma Moreira.
Em sua apresentação, a diretora técnica do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), Adriana Marcolino, fez um amplo diagnóstico da indústria nacional, trazendo um contexto histórico do como a indústria evoluiu no país nos últimos anos, seus indicadores atuais, e um olhar para o segmento metalúrgico. Ela também defendeu que é necessário o movimento sindical estudar melhor o Nova Indústria Brasil.
“Temos que olhar com mais cuidado para essa política pública até para poder propor os pontos referentes ao campo do trabalho”, pontuou Marcolino.
Ao final do encontro, os dirigentes da Confederação debateram a relação do NIB com os segmentos industriais, abordando as dificuldades de comunicação sobre o tema e as articulações com as instâncias de governo e o setor patronal.