Duas pesquisas divulgadas nesta semana mostram que a maioria da população brasileira está ao lado de propostas que favorecem a classe trabalhadora e enfrentam os privilégios dos super-ricos. Os levantamentos revelam apoio majoritário a duas propostas que estão em debate no Congresso: a redução da jornada de trabalho e a taxação dos mais ricos.
Segundo pesquisa do Datafolha, divulgada nesta quarta-feira (10), 76% dos brasileiros apoiam o projeto de lei que propõe a criação de um imposto mínimo para quem ganha acima de R$ 50 mil por mês (R$ 600 mil no ano).
A proposta prevê uma alíquota progressiva que começa em 2,5% e chega até 10% sobre rendimentos acima de R$ 1,2 milhão ao ano. Na prática, a medida visa atingir um número de pessoas que atualmente recebem dividendos e lucros e não pagam quase nada de imposto, em razão do injusto sistema tributário do país.
A pesquisa do Datafolha mostra também que 70% da população apoia a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil por mês, medida que também consta no mesmo projeto.
Apesar do apoio majoritário às medidas, os brasileiros estão divididos sobre a possibilidade das propostas serem, de fato, aprovadas. 49% acham que o Congresso não aprovará a taxação dos super-ricos, enquanto 47% acreditam que ela será implementada.
Em relação à isenção para ganhos até R$ 5 mil, 50% acreditam na aprovação, contra 45% que desconfiam da vontade política dos parlamentares.
A favor da redução da jornada e fim da escala 6x1
Já em relação à jornada de trabalho, pesquisa do Instituto Nexus Pesquisa e Inteligência de Dados revelou que 65% dos brasileiros são favoráveis à redução da atual jornada semanal de 44 horas.
A proposta mais conhecida nesse debate é a PEC do fim da escala 6x1, em análise na Câmara dos Deputados, que prevê uma semana de quatro dias de trabalho e três de folga, sem redução de salário. Essa proposta conta com apoio de 63% dos entrevistados, contra apenas 31% que se opõem.
A atual escala de seis dias trabalhados para um de descanso também é rejeitada pela maioria: 54% são contra esse modelo, enquanto 39% o apoiam.
Para os que defendem a redução da jornada, os principais benefícios seriam a melhoria da qualidade de vida (65%), o aumento da produtividade (55%) e o desenvolvimento social e econômico do país.
Fartos da exploração e desigualdade
As pesquisas escancaram o desejo da maioria dos brasileiros a favor da redução da jornada e pelo fim da defasagem da tabela do Imposto de renda, duas reivindicações históricas da classe trabalhadora.
Os trabalhadores estão fartos de tanta exploração e desigualdade. Chama atenção, no entanto, o ceticismo da maioria em relação à possibilidade de que as propostas, de fato, possam ser aprovadas por esse Congresso.
O fato é que a PEC do fim da escala 6x1 e o PL da isenção do IR são medidas mínimas que, mesmo longe de acabar com a superexploração imposta pelos patrões e taxar de verdade os bilionários capitalistas, só serão aprovadas se houver pressão popular.
A CSP-Conlutas defende que todas as centrais sindicais e movimentos devem organizar, de fato, a luta direta, na ruas, com total independência de classe, para exigir a aprovação destas medidas e outras reivindicações, como a revogação das reformas trabalhista e da Previdência, do Congresso e do governo Lula.
Fonte: CSP-Conlutas
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11/04/2025